Senado australiano censura primeiro-ministro

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Senado australiano, no qual o governo não possui maioria, aprovou uma moção de censura contra o primeiro-ministro John Howard, por ele ter ordenado - sem consulta prévia ao Parlamento - o deslocamento de forças por ar e mar para se juntarem aos soldados norte-americanos e britânicos no Golfo Pérsico. Composta por senadores trabalhistas, verdes, democratas e independentes, a oposição aprovou a resolução por 34 votos a 31, após um extenso debate no plenário da casa. Apesar de a moção ter somente valor simbólico - sem conseqüências legislativas concretas -, esta é a primeira vez, em 102 anos de história, que um primeiro-ministro australiano recebe uma moção de censura por parte do Senado. Em sua intervenção perante o Parlamento, Howard disse que a Austrália entregou as informações obtidas por seu serviço secreto ao secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, para que as apresente perante o Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com Howard, essas informações "confirmam que o Iraque possui armas químicas e biológicas e tem capacidade de construir um arsenal nuclear, se a comunidade internacional não intervier". A oposição política australiana pressiona o primeiro-ministro para que defina se a Austrália retirará ou não as tropas do Golfo Pérsico, no caso de a ONU não aprovar uma ação militar contra o Iraque. A pressão intensificou-se ontem à noite, após a revelação de uma conversa reservada entre o ministro australiano das Relações Exteriores, Alexander Downer, e a embaixadora da Nova Zelândia em Camberra, Kate Lackey. Durante o diálogo, Downer disse que "a Austrália não pode retirar seus navios da região do Golfo Pérsico se um ataque for iniciado, mesmo que não tenha o aval da ONU". E acrescentou: "Esta informação não pode ser revelada ao público." Uma pesquisa de opinião divulgada pouco antes do discurso de Howard ao Parlamento constatou que 75% dos australianos não apóiam uma guerra o Iraque sem a chancela da ONU.

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