Senado confirma nome do primeiro imigrante a comandar Segurança Interna dos EUA

Filho de refugiados cubanos, Alejandro Mayorkas chefiará departamento responsável pela imigração nos EUA; Senado também confirma Pete Buttigieg como secretário de Transportes, o primeiro membro do gabinete americano abertamente gay

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Momentos após confirmar Pete Buttigieg como secretário de Transportes da administração Joe Biden, o primeiro membro abertamente gay de um gabinete americano, o Senado aprovou o nome de Alejandro Mayorkas para comandar a Segurança Interna dos Estados Unidos. É a primeira vez que um latino e imigrante ocupará o cargo, que tem entre suas atribuições os temas de imigração do governo americano.

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Como secretário de Segurança Interna, ele supervisionará um departamento de 240 mil funcionários, responsável pela segurança das fronteiras, fiscalização da imigração, segurança cibernética e prontidão e alívio para desastres, entre outras missões.

Mayorkas assume o cargo em um momento delicado. Na semana passada, o departamento emitiu um alerta de ameaça elevada de violência extremista doméstica, inspirada pela invasão do Capitólio em 6 de janeiro. Além disso, nesta terça-feira, 2, o presidente Joe Biden deve emitir ordens executivas para reverter as políticas migratórias do ex-presidente Donald Trump.

O imigrante latino Alejandro Mayorkas, novo secretário de Segurança Interna Foto: Joshua Roberts/Pool/AFP

Durante suas audiências de confirmação, Mayorkas disse aos legisladores que durante o governo Biden haverá um "compromisso" de cumprir as leis de asilo.

Filho de imigrantes judeus, Mayorkas nasceu em Havana, Cuba, e chegou aos Estados Unidos em 1960, quando tinha cerca de 1 ano, como refugiado. Quando Biden anunciou sua nomeação em novembro, Mayorkas destacou sua história. “Os Estados Unidos forneceram a mim e a minha família um local de refúgio. Agora, fui nomeado secretário do Departamento de Segurança Interna para supervisionar a proteção de todos os americanos e daqueles que fogem da perseguição”, disse.

Mayorkas, de 61 anos, foi o cubano-americano de mais alto escalão no governo Barack Obama, do qual Biden foi vice-presidente. Ele atuou como subsecretário do Departamento de Segurança Interna entre 2013 e 2016. Antes disso, foi Diretor dos Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS) de 2009 a 2013.

Mayorkas foi aprovado por 56 votos a favor e 43 contra, em meio a forte oposição dos republicanos.

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Alguns senadores levantaram preocupações sobre a conduta de Mayorkas em relação a um programa de visto para investidores enquanto trabalhava na administração do ex-presidente Barack Obama. Um relatório de 2015 do inspetor-geral do Departamento de Segurança Interna concluiu que Mayorkas interveio em casos envolvendo democratas de alto perfil, dando a impressão de que ele havia concedido tratamento preferencial a essas pessoas e empresas relacionadas.

Buttigieg nos Transportes

O Senado americano confirmou também nesta terça-feira o nome de Pete Buttigieg como secretário de Transportes do governo Biden. Buttigieg, de 39 anos, é ex-prefeito de South Bend, Indiana, e foi pré-candidato democrata à presidência em 2020.

A confirmação, por 86 votos a 13, torna Buttigieg o primeiro secretário de gabinete abertamente gay. Ele também será o membro mais jovem do gabinete de Biden. "Estou honrado e humilde com a votação de hoje no Senado - e pronto para trabalhar", Buttigieg publicou em seu Twitter após a confirmação.

Buttigieg terá a tarefa de promover a ambiciosa agenda do presidente Joe Biden de reconstruir a infraestrutura do país e combater a mudança climática.

Pete Buttigieg, novo secretário de transportes dos EUA, cumprimenta a senadora Maria Cantwell Foto: Ken Cedeno/Pool via REUTERS

Elogiado por Biden por trazer uma "nova voz" ao governo, Buttigieg assume um Departamento de Transportes com 55 mil funcionários e um orçamento de dezenas de bilhões de dólares. Ele prometeu começar a trabalhar rapidamente promovendo a segurança e restaurando a confiança do consumidor nas redes de transporte dos Estados Unidos, visto que companhias aéreas, ônibus, sistemas de metrô da cidade e Amtrak se recuperam das consequências econômicas da pandemia do coronavírus.

Ele deve desempenhar um papel importante na promoção de iniciativas sustentáveis de Biden, ajudando a supervisionar padrões mais rígidos de economia de combustível para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e apoiar o impulso de lançar um plano de infraestrutura e clima de cerca de US$ 2 trilhões (aproximadamente R$ 10 trilhões). Este plano se concentrará na reconstrução de estradas e pontes e na expansão do trânsito em massa com emissão zero, ao mesmo tempo em que impulsiona a infraestrutura de veículos elétricos, incluindo a construção de 500 mil estações de recarga na próxima década.

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A confirmação bipartidária de Buttigieg ressaltou o apoio que ele recebeu de legisladores de ambos os partidos. Em sua audiência de confirmação no mês passado, Buttigieg falou de uma “oportunidade geracional” para transformar a infraestrutura. Ele se comprometeu a trabalhar com líderes estaduais, locais e tribais em questões de transporte, enquanto tentava mitigar o efeito que as políticas de transporte historicamente tiveram sobre as comunidades pobres e minoritárias.

“Acredito que uma boa política de transporte pode desempenhar um papel tão importante quanto tornar possível o sonho americano”, disse Buttigieg. “Mas também reconheço que, no pior dos casos, políticas equivocadas e oportunidades perdidas no transporte podem reforçar a desigualdade racial e econômica.”

A confirmação de Buttigieg foi descrita por vários grupos de direitos humanos como um momento simbólico para a comunidade LGBT.

“Essa confirmação rompe uma barreira que já existia há muito tempo; onde a identidade LGBTQ serviu como um impedimento à nomeação ou confirmação no mais alto nível do governo ”, disse Alphonso David, presidente da Human Rights Campaign, um grupo dedicado a promover os interesses da comunidade LGBTQ, em um comunicado. “Que este momento importante para o nosso movimento sirva como um lembrete para cada jovem LGBTQ: Você também pode servir ao seu país em qualquer cargo desde que obtenha as qualificações necessárias.” / AP e NYT

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