Senado dos EUA aprova acordo para evitar 'abismo fiscal'

Medida ainda tem que passar pela Câmara, onde governo Obama não tem maioria.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O Senado dos EUA aprovou, por maioria esmagadora de 89 votos a favor e 8 contra, um acordo para evitar aumentos de impostos e cortes de gastos conhecido como "abismo fiscal". O projeto de lei, que aumenta os impostos para os ricos, veio depois de longas conversações entre o vice-presidente Joe Biden e os republicanos do Senado. A Câmara dos Representantes - equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil - deve apreciar o tema ainda hoje, mais tarde, embora a votação não tenha sido agendada. Cortes de gastos foram adiados por dois meses para que um acordo mais amplo fosse possível. O Congresso havia perdido o prazo para aprovar a nova lei, mas os efeitos não foram sentidos ainda porque é um feriado público dos EUA. Cortes de impostos aprovados durante a presidência de George W. Bush formalmente expiraram à meia-noite de segunda-feira. Sem um acordo, os impostos subiriam para virtualmente todos os americanos que trabalham. Recessão Analistas advertiram que o abismo fiscal - e a redução resultante no consumo - poderia provocar uma nova recessão no país, com efeitos no mundo inteiro. O acordo de compromisso alcançado na segunda-feira no Senado procura evitar isso estendendo os cortes de impostos para os americanos que ganham menos de US$ 400.000 por ano - acima dos US$ 250.000 inicialmente propostos pelos Democratas. Um corte de gastos da ordem de US$ 1,2 trilhão do orçamento federal americano a ser implementado em 10 anos foi novamente deixado para depois, adiado por dois meses, permitindo que o Congresso e a Casa Branca possam reabrir as negociações sobre o tema. Pressão No fim de semana, o presidente americano, Barack Obama, aumentou a pressão sobre a oposição republicana para que aceite um acordo. A oposição republicana controla a Câmara dos Representantes (equivalente a Câmara dos Deputados), enquanto os democratas comandam o Senado. O presidente culpou os republicanos pelo impasse e voltou a dizer que querem proteger as reduções de impostos para os mais ricos. O líder da Câmara, John Boehner, rebateu as declarações de Obama e disse que os republicanos fizeram todo o possível para conseguir um acordo. Origens O atual impasse tem suas origens em 2011, em uma tentativa fracassada de enfrentar o limite de endividamento do governo e o déficit orçamentário. Na época, republicanos e democratas concordaram em adiar as difíceis decisões sobre gastos até o fim de 2012 e estabeleceram cortes compulsórios caso não houvesse acordo até 31 de dezembro. A data também marcava o fim de isenções de impostos introduzidas no governo de George W. Bush. Com isso, indivíduos e empresas serão afetados simultaneamente com aumento de impostos e redução em contratos, benefícios e apoio do governo. Cerca de US$ 607 bilhões em cortes no orçamento e aumento de impostos estão previstos, incluindo cortes na verba da Defesa, mudanças no sistema de saúde para idosos e impostos mais altos para pessoas físicas. Desempregados e pessoas com salários baixos irão perder benefícios. Lados opostos Enquanto os republicanos relutam em deixar que os cortes de impostos da era Bush expirem ou que os gastos em defesa sejam reduzidos, os democratas querem manter as medidas temporárias do governo Obama para ajudar desempregados e trabalhadores com baixos salários e evitar cortes profundos em gastos não relacionados à Defesa. Segundo analistas, mesmo que seja fechado um acordo, o impacto sobre o problema original do déficit e do limite de endividamento do governo deve ser pequeno, o que deve levar a uma nova briga política no início de 2013. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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