Senado paraguaio não consegue destituir González Macchi

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Por Agencia Estado
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O Senado paraguaio não conseguiu hoje, depois de quase dez horas de debates, votos suficientes para a aprovação de um processo de impeachment e, com isso, destituir do cargo o presidente do país, Luis González Macchi. O presidente é acusado de desviar US$ 16 milhões de bancos privados que sofreram intervenção, de fraudes em processos de privatização, de uso fraudulento do orçamento presidencial e de seqüestro e torturas de dois militares de esquerda. Macchi é acusado também de mau desempenho das funções de presidente, pela deterioração geral da economia do país e do empobrecimento da população nos últimos quatro anos. "Dado os níveis de corrupção no Executivo, na Corte Suprema de Justiça e no próprio Senado, será impossível aprovar o impeachment de González Macchi", antecipara, logo de manhã, antes do início dos debates no Senado, um dos principais analistas político do país, Bernardino Cano Radil. Em entrevista à Agência Estado, por telefone de Assunção, Cano Radil havia dito logo cedo que o Senado dificilmente conseguiria reunir os dois terços dos votos, necessários para destituir o presidente. Curiosamente, o Senado conta hoje com 44 senadores e não com 45, como está previsto na Constituição. Ocorre que um senador eleito (Alejandro Velázques), correligionário do general Lino Oviedo, hoje asilado no Brasil, nunca conseguiu assumir a sua cadeira. Apesar da situação política confusa no país, o clima em Assunção permaneceu calmo o dia todo. "A população tem outras preocupações e urgências para resolver, como o desemprego, a queda brutal do poder aquisitivo dos salários e a inflação", disse Cano Radil. De acordo com ele, a queda do poder de compra do salário, de 40% nos últimos meses, e o encolhimento do Produto Interno Bruto (PIB), de US$ 10 bilhões para US$ 7 bilhões em pouco mais de cinco anos, eram resultado das "desastrosas administrações de González Macchi e do ex-presidente (Juan Carlos) Wasmosy". Outro fato curioso na confusa vida política paraguaia é que o presidente do Congresso, Juan Carlos Galaverna, primeiro na linha sucessória de González Macchi, enfrentava forte resistência entre os líderes políticos na Câmara e no Senado. Isto é, se o presidente tivesse sido destituído nesta terça-feira, o Paraguai corria o risco de não ter um nome para assumir a presidência até o dia 15 de agosto, quando acaba o mandato de González Macchi. Embora a campanha eleitoral não tenha começado oficialmente, três candidatos vêm liderando as pesquisas: Nicanor Duarte Frutos, do Partido Colorado; Julio César Franco, do Partido Liberal Radical Autêntico; e Gabriel Sanchez Guffanti, do Partido União Nacional de Cidadãos Éticos (leia-se, general Lino Oviedo). Franco e Guffanti estão próximos de uma acordo. Se fecharem um pacto, a oposição estaria perto de vencer as eleições e o Partido Colorado perderia a presidência do país depois de permanecer 56 anos no poder.

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