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Senado veta verba para fechar Guantánamo

Voto de congressistas foi influenciado pelo temor de que prisioneiros sejam transferidos para os EUA

Por Gustavo Chacra
Atualização:

O Senado americano vetou ontem o financiamento de US$ 80 milhões pedido pelo presidente Barack Obama para fechar a prisão de Guantánamo. A derrota - 90 votos a favor do veto e 6 contra - teve o apoio da maioria dos democratas e representou um duro golpe para a Casa Branca. Horas antes da votação, o diretor do FBI, Robert Mueller, em depoimento ao Congresso, advertiu que se os prisioneiros de Guantánamo fossem transferidos para o território americano colocariam em risco a segurança dos EUA. A decisão do Senado ocorreu um dia antes do discurso de hoje em que Obama delineará seu plano para o fechamento de Guantánamo até janeiro de 2010. A questão foi uma das bandeiras de sua campanha, mas desde que chegou à Casa Branca o presidente americano enfrenta dificuldades para fechar a base onde são mantidos 240 prisioneiros. Na noite de terça-feira, o juiz federal John Bates afirmou que os EUA podem manter prisioneiros em Guantánamo indefinidamente mesmo sem acusações formais. Muitos republicanos defendem a manutenção da prisão. "A população americana não quer ver esses homens nas ruas dos EUA - nem mesmo em bases militares ou prisões federais", disse o senador republicano John Thume. Uma das maiores dificuldades para o fechamento tem sido encontrar um lugar onde colocar os prisioneiros. Até agora, nenhum Estado americano se mostrou disposto a recebê-los. Aliados dos EUA tampouco querem ter nas mãos acusados de ataques terroristas. Michele Flournoy, uma das subsecretárias do Pentágono, disse que é ingenuidade imaginar que outros países aceitariam receber essas pessoas quando os próprios americanos rejeitam a ideia. "A preocupação que temos em relação a esses indivíduos é que eles convertam outros potenciais terroristas e aumentem o risco de ataques aos EUA", disse Mueller, diretor do FBI. O senador democrata Dick Durbin, um dos principais aliados de Obama, discordou, argumentando que já há 347 prisioneiros acusados de envolvimento com terrorismo em prisões americanas. APERFEIÇOAMENTO Em resposta à derrota do governo no Senado, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que o governo concorda com a opinião do Congresso, que antes de liberar os recursos exige receber um plano mais detalhado sobre o fechamento de Guantánamo. Segundo Gibbs, no discurso que realizará hoje, Obama dirá se os prisioneiros deverão ser transferidos para prisões nos EUA, enviados para outros países ou uma combinação das duas possibilidades. Gibbs disse ainda que quando esses detalhes forem definidos "o presidente e o Congresso trabalharão juntos em um calendário para renovar os pedidos por mais recursos". O porta-voz de Obama negou, contudo, que o presidente pretenda adiar o fechamento da prisão de Guantánamo.

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