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Senador boliviano que se opõe a Evo pede asilo ao Brasil

Roger Pinto Molina, que denuncia ameaças contra ele e sua família, está na sede da embaixada brasileira em La Paz

Por Lisandra Paraguassu e BRASÍLIA
Atualização:

O senador da oposição boliviana Roger Pinto Molina pediu asilo na embaixada brasileira em La Paz na segunda-feira. Molina disse a diplomatas estar em situação insustentável e ter sido ameaçado de morte. O governo brasileiro não havia sido informado com antecedência da decisão do senador de pedir asilo político, mas reservou um quarto da embaixada para recebê-lo. Molina coordena a bancada da Convergência Nacional, a união dos partidos de oposição ao governo de Evo Morales. Representante do Estado de Pando, na fronteira com o Brasil, o senador tem mais de 20 processos contra ele abertos pelo governo boliviano e acusa Evo Morales de usar os tribunais para persegui-lo. Em uma carta dirigida "ao povo da Bolívia", lida ontem por seus colegas no Parlamento boliviano, o senador diz que pediu asilo porque não lhe restara outra opção frente ao "assédio e perseguição inclemente do governo de Evo Morales". Classificou de "descabidas" as denúncias contra ele, por desacato ou injúria. "Para cada denúncia que fiz por corrupção ou narcotráfico, foi aberto um processo por desacato contra mim. Corrupção e narcotráfico já não são delitos, agora o delito é denunciá-los", disse no texto. No Brasil, o Itamaraty trata com discrição o caso. O chanceler Antonio Patriota afirmou que "acompanha de perto" o caso, mas não quis dar mais informações. O porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, explica que o governo brasileiro está "reunindo elementos" com o próprio Molina, o governo boliviano e a embaixada antes de decidir sobre o pedido do senador, apesar de o País ter tradição de conceder asilo político."Toda situação de asilo precisa de uma discrição muito grande para não prejudicar a pessoa e o governo do país. Nós não costumamos nos posicionar antes que toda a análise seja feita", explicou. "A Constituição garante o asilo mas só depois de uma análise das pessoas, dos crimes cometidos e da situação política."

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