Senador republicano compara Trump a Stalin

Jeff Flake critica a retórica ‘despótica’, seus ataques contra a mídia, e diz que presidente inspirou Assad e Duterte

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Por Redação
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WASHINGTON - O senador republicano Jeff Flake criticou nesta quarta-feira com veemência o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por seus reiterados ataques à imprensa, dizendo que ele adotou a linguagem despótica do ditador soviético Joseph Stalin e inspirou ditadores modernos.

Flake diz que sem uma fidelidade de princípios à verdade a democracia não durará Foto: NICHOLAS KAMM/AFP

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Em uma rara crítica vinda de um republicano, Flake disse que o fato de Trump retratar a imprensa como “inimiga do povo” e de repetir as acusações de “fake news” foi imitado por regimes autoritários, como o dos presidentes da Síria, Bashar Assad, e das Filipinas, Rodrigo Duterte.

“Já não podemos combinar os ataques à verdade com nosso silencioso consentimento. Já não podemos fazer vista grossa ou nos fazer de surdos a estes ataques contra nossas instituições”, disse Flake em seu discurso no Senado sobre o silêncio da sua bancada sobre a atitude de Trump. 

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“Um presidente americano que não pode ser criticado, que constantemente deve desviar, distorcer e distrair, que deve encontrar alguém a quem culpar, está traçando um caminho muito perigoso. E um Congresso que não atua como um controle sobre o presidente aumenta o perigo”, insistiu o senador.

Flake também comparou os ataques de Trump aos veículos de imprensa com a retórica de Stalin e destacou as consequências de longo prazo, caso o presidente continue questionando fatos noticiados pela mídia. “Sem verdade, nem uma fidelidade de princípios à verdade e aos fatos compartilhados, senhor presidente, nossa democracia não durará.”

“É um testemunho da condição de nossa democracia que o próprio presidente use palavras infamemente pronunciadas por Joseph Stalin para descrever seus inimigos”, acrescentou o Flake – apenas dois senadores democratas aguardaram para escutar seu discurso completo.

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“Cabe apontar que a frase ‘inimigo do povo’, tão carregada de malícia, foi proibida por Nikita Kruchev, que disse ao Partido Comunista Soviético que a frase tinha sido introduzida por Stalin com o propósito de ‘aniquilar essas pessoas’ que não estavam de acordo com o líder supremo”, disse, em alusão aos comentários de Trump, que chamou a imprensa de “inimiga do povo”.

Reação. A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, criticou Flake, dizendo que o ataque vinha de um senador “que recentemente esteve defendendo o opressivo governo de Cuba”. O republicano, senador pelo Arizona, foi um dos congressistas do partido que trabalhou mais de perto na aproximação diplomática com Havana durante o governo de Barack Obama.

“Ele não está criticando o presidente porque é contra a opressão. Ele está criticando porque aparece terrivelmente mal nas pesquisas”, acrescentou Sarah durante coletiva na Casa Branca. Flake, de 55 anos, disse em outubro que não buscaria a reeleição este ano por não concordar com a nova direção do partido. / REUTERS e EFE

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