Senadores querem investigação de abuso de mentor do 11/9

Legisladores que assistiram ao depoimento de Khalid Sheikh Mohammed disseram que alegações de que acusado foi torturado devem ser levadas a sério

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Por Agencia Estado
Atualização:

Dois senadores que assistiram ao depoimento de Khalid Sheikh Mohammed, o suposto mentor do 11 de Setembro, disseram nesta sexta-feira, 16, que as alegações de que o acusado sofreu abusos por parte de seus captores americanos devem ser levadas a sério e investigadas. "Outra atitude refletirá uma nação fraca", disseram os senadores Carl Levin (do Partido Democrata) e Lindsey Graham (do Republicano) em um comunicado conjunto. Em uma audiência militar realizada a portas fechadas no último sábado, Mohammed assumiu a responsabilidade por mais de 30 ataques e planos terroristas, e disse ter decapitado pessoalmente o jornalista americano Daniel Pearl. Durante seu depoimento, Mohammed também entregou às autoridades militares uma declaração por escrito em que ele alega ter recebido tratamento impróprio antes de ser levado para a base de Guantánamo, em Cuba. O terrorista teria ficado detido em prisões secretas da CIA. Levin e Graham explicaram nesta sexta-feira que assistiram aos procedimentos por meio de um circuito fechado de TV, em uma sala pegada à corte. O público e a imprensa não tiveram acesso à sessão. Uma transcrição da audiência de Mohammed, divulgada na quarta-feira pelo Pentágono, faz uma referência à alegação de que ele foi torturado pela CIA. Ainda assim, Mohammed admitiu que não estava sob coação quando assumiu seu papel nos ataques. A CIA afirma que suas práticas de interrogatório são legais e que não incluem tortura. "Alegações de abusos contra prisioneiros devem ser levadas a sério e investigadas", disseram os senadores no comunicado. Segundo os senadores, as autoridades militares que acompanharam o testemunho de Mohammed disseram que as alegações serão enviadas às autoridades responsáveis. Nos últimos anos, os dois senadores têm criticado o tratamento dispensado pela administração Bush aos suspeitos de terrorismo presos nos EUA. Em 2005, o governo rejeitou uma lei proposta por Levin e Graham que bania o tratamento cruel, inumano ou degradante aos prisioneiros. Segundo a Casa Branca, o presidente precisa de flexibilidade para interrogar terroristas. Apesar das críticas, os dois senadores disseram ter ficado impressionados com o profissionalismo do tribunal. Ainda assim, eles não descartaram possíveis mudanças no sistema no futuro.

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