Senadores revisam investigação do FBI sobre Brett Kavanaugh em sala com segurança especial

Agência disponibilizou única cópia física do documento sobre juiz indicado à Suprema Corte em Instalação de Informações Confidenciais Compartimentadas no Capitólio à qual apenas membros da Comissão de Justiça e dez assessores têm acesso

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Atualização:

WASHINGTON - Os membros da Comissão de Justiça do Senado dos Estados Unidos começaram a revisar nesta quinta-feira, 4, o relatório elaborado pelo FBI sobre as acusações de abuso sexual e conduta imprópria do juiz Brett Kavanaugh, indicado pelo presidente Donald Trump à Suprema Corte.

Em tuítes publicados na madrugada desta quinta, o deputado republicano por Iowa, Charles Grassley, presidente da Comissão, afirmou que ele e a liderança democrata "chegaram a um acordo para acesso igualitário e alternado para os senadores estudarem o conteúdo das checagens adicionais de antecedentes (de Kavanaugh) feitas por agentes não partidários do FBI".

A senadora democrata Dianne Feinstein acessa a sala segura instalada no Senado na qual o FBI disponibilizou a investigação sobre o juiz Brett Kavanaugh Foto: Drew Angerer/Getty Images/AFP

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Uma fonte do Senado confirmou o acordo e também disse que membros dos dois partidos devem se alternar no acesso aos dados. Assim, por exemplo, republicanos passarão uma hora com o relatório e, depois, será a vez dos democratas fazerem o mesmo. Esse esquema deve durar todo o dia e, possivelmente, parte da sexta-feira.

Só há uma cópia física do documento e apenas os senadores da Comissão e 10 assessores parlamentares receberam autorização para ver o material elaborado pelo FBI. O relatório está disponível em uma Instalação de Informações Confidenciais Compartimentadas (SCIF, na sigla em inglês), uma sala segura no Centro de Visitantes do Capitólio, na qual os senadores podem revisar o estudo feito pela agência, disseram duas fontes do governo.

Normalmente ninguém é autorizado a entrar em uma instalação deste tipo com materiais de gravação, equipamentos fotográficos ou outros dispositivos eletrônicos que possam ser usados para capturar e divulgar em parte ou na sua totalidade as informações secretas ali contidas. Além disso, não há registro público das atividades e diálogos mantidos dentro de uma SCIF.

Próximos passos

No fim da noite de quarta-feira, se antecipando a conclusão da investigação do FBI, o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, agendou para a sexta-feira a primeira votação no plenário da Casa sobre a indicação de Kavanaugh - uma segunda e decisiva votação está prevista para sábado.

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Pouco depois de a Casa Branca receber o relatório do FBI e enviá-lo ao Senado, um porta-voz disse que o governo está "totalmente confiante" que o Legislativo confirmará a nomeação de Kavanaugh. 

"(O relatório) é o último passo da mais abrangente avaliação de um indicado à Suprema Corte na história dos EUA, incluindo extensivas audiências, múltiplas entrevistas em comissões, mais de 1,2 mil questões registradas e mais de meio milhão de páginas de documentos", escreveu Raj Shah. Ele também garantiu que os senadores tão "amplo período" para analisar o relatório até o momento da votação.

Por outro lado, advogados de Christine Blasey Ford, a primeira mulher a acusar Kavanaugh de abuso sexual - disseram que a investigação conduzida pelo FBI estava incompleta.

"Uma checagem de antecendentes suplementar feita pelo FBI que não inclua uma entrevista com a Dr. Christine Blasey Ford - nem com as testemunhas que corroboram seu testemunho - não pode ser chamada de investigação", disse sua equipe de defesa em nota.

"Estamos profundamente desapontados que depois do tremendo sacrifício que ela fez em se apresentar publicamente, aqueles que comandam o FBI não estejam interessados em buscar a verdade." / WASHINGTON POST

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