Separatistas do Sul do Iêmen renunciam à autonomia e aceitam acordo de paz

Conselho de Transição do Sul admitiu negociar com o governo e a coalizão liderada pela Arábia Saudita para por fim em uma das frentes do conflito

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Por Redação
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RIAD - Os separatistas do Iêmen anunciaram nesta quarta-feira, 29, que renunciam à autonomia no sul do país e se declararam dispostos a colocar em prática um acordo de paz que prevê a divisão do poder na região.

O Conselho de Transição do Sul (STC) "anuncia que renuncia a sua declaração de autonomia" para permitir a aplicação do acordo de Riad, anunciou o porta-voz do STC, Nizar Haitham, em referência ao compromisso estimulado por Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Nesta foto de arquivo tirada em 15 de abril de 2017, combatentes iemenitas leais ao presidente iemenita apoiado pela Arábia Saudita posam para uma foto na traseira de uma caminhonete, levantando suas metralhadoras, na estrada que leva à base de Khaled Ibn Al-Walid. Foto: SALEH AL-OBEIDI / AFP

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A Arábia Saudita confirmou que apresentou uma proposta para "acelerar" a aplicação do acordo de Riad de 2019. O plano prevê que o primeiro-ministro iemenita forme um novo governo nos próximos 30 dias e a nomeação de um governador para Aden, capital do sul do país, onde os separatistas estabeleceram sua base.

Os esforços da Arábia Saudita "levaram o governo iemenita e o STC a aceitar o mecanismo proposto para aplicar o acordo de Riad", celebrou o vice-ministro saudita da Defesa, o príncipe Khalid bin Salman. O consenso "mostra que é possível resolver as divergências no Iêmen por meio do diálogo, sem o uso da força", completou.

Guerra dentro da guerra

O presidente iemenita, Abd Rabo Mansur Hadi, exilado na Arábia Saudita, fez um apelo no fim de junho aos separatistas para "acabar com o derramamento de sangue" e garantir o respeito a um acordo de divisão do poder, em seu primeiro discurso público desde a declaração de autonomia do sul em abril.

O conflito entre o governo e os separatistas do STC, a princípio aliados contra os rebeldes Houthi, representa uma guerra dentro da guerra do Iêmen.

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Rebeldes Houthis durante reunião tribal em Sanaa, capital do Iêmen. Foto: Mohammed Huwais / AFP 

O acordo de Riad foi assinado em novembro de 2019 e prevê uma divisão de poder no sul do Iêmen entre o governo e os separatistas. Mas os dispositivos praticamente não foram implementados.

No fim de junho, a coalizão militar liderada pela Arábia Saudita no Iêmen enviou observadores para monitorar o cumprimento do cessar-fogo decretado entre as forças pró-governo, apoiadas por esta aliança, e os combatentes separatistas, após confrontos no sul.

Pior crise humanitária do mundo

O conflito regional aumentou a complexidade da guerra que devasta o Iêmen há cinco anos e que provocou dezenas de milhares de mortes no país mais pobre da península arábica. O conflito levou o Iêmen a sofrer a pior crise humanitária do mundo, segundo um relatório da ONU publicado recentemente, que menciona a pandemia do novo coronavírus como um agravante.

Conflito do Iêmen foiapontado por relatório recente daONU como a maior tragédia humanitária do mundo. Foto: Yahya Arhab / EPA / EFE

De acordo com o documento, que examina apenas as áreas do sul do Iêmen, o número de pessoas "que enfrentam níveis elevados de insegurança alimentar grave" deve passar de dois milhões em fevereiro-abril a 3,2 milhões em julho-dezembro, ou seja, um aumento de 60%./ AFP

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