Sérvia diz que receberá até 3 mil refugiados diariamente no país nas próximas semanas

O fluxo aumentou há dois meses; os números se multiplicam desde que a Grécia começou a transportar imigrantes de suas ilhas superlotadas para o continente

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Por Redação
Atualização:

ZAGREB - A Sérvia alertou nesta segunda-feira, 24, que de 2 mil a 3 mil refugiados entrarão diariamente no país nas próximas seis ou oito semanas. Hoje, longas filas de imigrantes, muitos deles refugiados da Síria, vagavam no sul da Sérvia a pé antes de pegar trens e ônibus para o norte, rumo à Hungria, a última etapa de uma viagem cada vez mais desesperada para a Europa Ocidental. 

“Apesar de ser um número que nós podemos enfrentar, a Sérvia não pode lidar com esse peso sozinha”, disse o comissário para refugiados e migrações da Sérvia, Vladimir Cucicao, ao canal TV Pink. Ele adiantou que, diante dessa situação, o governo em Belgrado pedirá doações à União Europeia (UE) e à Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), assim como a Estados Unidos, Alemanha e Rússia.

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Segundo o comissário, aproximadamente 90 mil imigrantes passaram pela Sérvia desde o começo do ano. De acordo com o Acnur, desde 1º de janeiro deste ano, 180 mil pessoas ingressaram no país e apenas a metade entrou legalmente.

O fluxo aumentou há dois meses, em especial, nos últimos dias. Na noite de sábado, mais de 7 mil refugiados entraram na Sérvia vindos da Macedônia. Os números se multiplicam desde que a Grécia começou a transportar imigrantes de suas ilhas superlotadas para o continente.

Autoridades estaduais e agências de ajuda improvisaram tendas e se esforçavam para fornecer comida e água para milhares de pessoas. Muitos tinham passado três dias desesperados na fronteira norte da Grécia, após a Macedônia interromper a passagem dizendo que não aceitaria mais ninguém. No sábado, porém, multidões enfrentaram cassetetes e bombas de efeito moral da polícia para forçar a entrada.

Impotente para deter a maré, a Macedônia providenciou trens e ônibus para levá-las ao norte, onde cruzaram a pé para a Sérvia. Mais gente chegou ontem, caminhando a partir da passagem de fronteira em Miratovac até um centro de acolhimento em Presevo, onde muitos receberam ajuda médica, alimentos e documentos legalizando sua passagem pelo país.“Eu só quero atravessar para continuar a minha viagem”, disse Ahmed, da Síria, na fronteira com a Sérvia. “Meu destino final é a Alemanha, eu espero.”

De acordo com a porta-voz do Acnur Mirjana Milenkovic, a maioria desses imigrantes passa pela Sérvia somente para chegar à Hungria e, de lá, ao destino final, que costuma ser Alemanha e Suécia. Segundo o governo sérvio, 57% desses refugiados são da Síria, 23% do Afeganistão, 8% do Iraque e uma pequena quantidade da Eritreia e da Somália. 

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Em visita à fronteira da Macedônia com a Grécia, o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, disse que a situação nos Bálcãs é “dramática”. “Precisamos urgentemente de uma ação coordenada em toda a Europa”, disse ele à rádio ORF.

Em Berlim, o presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, exigiram uma resposta “unificada” da Europa frente à crise dos migrantes, em uma declaração conjunta. 

“Temos de implementar um sistema unificado do direito de asilo”, disse Hollande, acrescentando que trata-se de uma “situação excepcional que irá durar”. Merkel, por sua vez, instou os países da UE que oferecem um direito de asilo similar que o “coloquem em prática o mais rápido possível”.

O comissário de imigração europeu, Dimitris Avramopoulos, reiterou os pedidos por uma resposta conjunta e considerou ontem que a atual crise migratória coloca não apenas a Grécia em uma “situação crítica”, mas toda a Europa. “A agenda europeia de imigração é a resposta. É hora de a Europa responder unida”, pediu ele, em entrevista concedida à rede France 24. / REUTERS, EFE e AFP 

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