Sérvios atacam postos da ONU

Incidentes são os piores desde independência de Kosovo, no domingo; Otan reforça segurança

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Por AP e Pristina
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Manifestantes servo-kosovares incendiaram ontem dois postos de fronteira da ONU, no incidente mais violento desde a declaração de independência de Kosovo, ex-província sérvia de maioria albanesa, no domingo. Apesar de não deixar feridos, os ataques mostram que a população sérvia não abrirá mão do território tão facilmente. Para os sérvios, Kosovo é o berço de sua religião e de seu Estado. Em Banja, cerca de mil servo-kosovares atacaram o posto fronteiriço entre o enclave sérvio de Mitrovica, no norte do país, e Montenegro. No outro ataque, manifestantes incendiaram outro posto controlado pela ONU em Jarinje, na principal estrada que liga Mitrovica a Belgrado, na Sérvia. Tropas de paz lideradas pela Otan foram chamadas para reforçar a segurança na região. "Aumentamos a segurança em todos os postos de controle no norte de Kosovo. O restante do território está tranqüilo", afirmou o porta-voz das tropas da Otan, Bertrand Bonneau. Desde 1999, quando Kosovo passou a ser administrado pela ONU, 16 mil soldados da força de paz da Otan estão no território para impedir novos confrontos étnicos. Servo-kosovares e sérvios vêm realizando desde domingo violentos protestos contra a separação do território. Prédios da ONU e da Otan foram atacados com granadas de mão em Mitrovica, as embaixadas da Eslovênia, dos EUA, do Canadá da Turquia e do Irã foram vandalizadas em Belgrado, e carros foram incendiados em várias cidades. Segundo comunicado do Ministério do Interior da Sérvia, 85 pessoas ficaram feridas nos distúrbios dos últimos dias. O reconhecimento de Kosovo voltou ontem a mostrar que será motivo de tensão na comunidade internacional. Até agora, o novo país recebeu apoio de vários Estados, entre eles as potências EUA, Grã-Bretanha, França, Itália e Alemanha. Rússia e China se declararam contra a separação do território kosovar. O chanceler russo, Serguei Lavrov, falou ontem por telefone com a secretária americana de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, a quem alertou sobre o perigo de instabilidade internacional, criado pela independência do território. O alto representante de política externa da União Européia, Javier Solana, chegou ontem a Pristina para se reunir com os líderes kosovares. A UE autorizou o envio de uma equipe formada por cerca de 2 mil profissionais, que ajudará Kosovo a manter sua estabilidade.

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