Sete falhas de infraestrutura que levaram a acidentes com mortes no século 20

Colapsos em pontes, prédios e represas estão ligados a erros de projeto, materiais de construção de pouca qualidade e negligência diante de rachaduras e evidências de problemas estruturais

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Por Redação
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ROMA - Ao menos 39 pessoas morreram na terça-feira 14, depois que uma ponte desabou em Gênova, na Itália, levantando preocupação sobre a infraestrutura antiga de todo o país. O desabamento da ponte derrubou veículos, concreto e aço para os prédios, ruas e trilhos abaixo.

A Ponte Morandi, que desabou na terça-feira, em Gênoca, no norte da Itália. Uma seção da estrutura colapsou após forte tempestade na região. Foto: AP Photo/Antonio Calanni

Veja outros acidentes de grandes obras de infraestrutura - incluindo pontes, prédios e represas - com mais mortes desde o início do século XX. Todos os desastres resultaram em investigações que abordaram a construção e observação de regras de engenharia.

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1907: Québec, Canadá

Uma seção da recém-construída Ponte de Québec, no Canadá, desmoronou sobre o Rio São Lourenço em 29 de agosto de 1907. Dezenas de trabalhadores e mecânicos caíram no rio e 80 morreram. A catástrofe ocorreu justamente quando o apito de fim de expediente soou no local, e uma seção da ponte, de quase 2,5 quilômetros de comprimento, caiu, causando uma reação em cadeia de quebra de vigas e cabos.

Um relatório posterior culpou os engenheiros responsáveis. Quando a ponte estava sendo reconstruída, em 1916, houve outro desmoronamento no momento em que a estrutura estava sendo içada e 13 trabalhadores morreram.

1928: Los Angeles, Estados Unidos

A represa St. Francis, construída em uma área montanhosa perto de Los Angeles, estourou na madrugada do dia 13 de março de 1928, liberando 12 bilhões de galões de água ao oceano. "Presos no redemoinho da enchente, as centenas de casas de fazenda que um dia pontilharam o desfiladeiro foram esmagadas como cascas de ovos e seus moradores, na maioria dos casos, tiveram o mesmo fim", relatou o New York Times, à época.

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Nos dias seguintes, surgiram rumores de que a barragem havia colapsado porque fora dinamitada. No entanto, autoridades que investigaram o caso culparam a "fundação defeituosa" da represa, segundo a Associated Press. O engenheiro-chefe da construção reconheceu que, horas antes de a represa estourar, ele viu um vazamento na estrutura, indicando que sua condição era "muito ruim".

1981: Kansas City, Estados Unidos

No hotel Hyatt Regency, em Kansas City, no Estado do Missouri, os hóspedes participavam de um "chá dançante" semanal em julho de 1981, quando uma passarela sobre o salão começou a se dobrar. A passarela mais alta, suspensa a partir do teto do átrio do saguão por varetas de aço, desabou em outra passarela, dois andares abaixo, esmagando as pessoas no chão. Um dos convidados disse que o barulho parecia o estrondo de um trovão.

Mais de cem morreram, tornando o acidente um dos colapsos estruturais mais letais da história dos Estados Unidos. Mais tarde, surgiram relatos de que as passarelas estavam balançando antes de caírem. Investigadores posteriormente relataram que as estruturas tinham problemas de projeto e poderiam suportar apenas cerca de um quarto da carga exigida pelo código de engenharia da cidade.

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1987: Amsterdã, Estados Unidos

A seção central de uma ponte sobre o Riacho Schoharie, perto de Amsterdã, em Nova York, colapsou repentinamente em abril de 1987. Ao menos dois carros e um caminhão caíram nas águas, matando dez pessoas. Um engenheiro disse a autoridades que a ponte falhou porque as águas da época de inundação rasparam o cascalho e o lodo ao redor das bases, agitando o leito em volta da estrutura e fazendo com que ela se deslocasse.

No entanto, autoridades disseram posteriormente que o desastre poderia ter sido evitado com manutenção e inspeções adequadas, e que falhas na ponte a tornaram vulnerável à erosão.

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1995: Seul, Coreia do Sul

Um shopping center de cinco andares na Coreia do Sul colapsou em uma noite de junho de 1995. Acredita-se que milhares de consumidores estavam no local no momento, e mais de 500 morreram. Os esforços de resgate continuaram por muitos dias e uma mulher foi encontrada viva depois de passar 16 dias presa sob o concreto.

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Antes do colapso, rachaduras na estrutura haviam se revelado durante o dia, mas dono da loja de departamento escolheu não esvaziar o prédio todo. Meses depois, o proprietário foi condenado por negligência criminosa e condenado à prisão.

2007: Minnesota, Estados Unidos

Uma ponte rodoviária interestadual lotada com o tráfego da hora do rush caiu no Rio Mississippi em agosto de 2007, derrubando ao menos 50 veículos na água e matando 13 pessoas. A ponte de oito pistas, construída na década de 1960, era a principal rota norte-sul que passava por Minneapolis e estava sendo reformada na época do acidente.

Ponte desabou no Estado do Minnesota, nos Estados Unidos, depois de fortes chuvas e erosão, em 2007. Foto: REUTERS/Lt. Duane St. Mary/Civil Air Patrol/Handout

Posteriormente, investigadores determinaram que a estrutura caiu por uma falha no projeto. A situação piorou quando os trabalhadores da construção adicionaram mais peso à estrutura com concreto, aumentando a tensão em um ponto fraco.

2013: Dhaka, Bangladesh

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Mais de mil pessoas morreram em Dhaka, Bangladesh, em abril de 2013, quando um prédio que abrigava várias fábricas de roupa desmoronou e se tornou um amontoado de escombros. Sobreviventes disseram a repórteres que o prédio pareceu implodir quando as vigas e pilares de concreto caíram.

Trabalhadores de resgate trabalham na área onde desmoronou o prédio Rana Plaza, em Dhaka. Foto: REUTERS/Andrew Biraj

As fábricas, que produziam roupas para marcas americanas e europeias, foram construídas com material de pouca qualidade e sem obedecer códigos de construção, disse um relatório do governo, divulgado após o desastre. A polícia de Bangladesh entrou na justiça com acusações homicídio contra 41 pessoas acusadas de envolvimento no caso.

O proprietário do imóvel recebeu uma sentença de três anos de prisão em 2017, relacionada a acusações de corrupção, informou a BBC. O desastre reviveu a atenção internacional às condições de trabalho em Bangladesh. / NYT

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