Seul e Pequim tentam reduzir tensão sobre teste com míssil norte-coreano

A "crise dos mísseis" começou neste mês, quando satélites detectaram um míssil Taepodong-2 em uma base no nordeste da Coréia do Norte, que, segundo fontes das inteligências americana e japonesa, poderia ser lançado em Julho

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Por Agencia Estado
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A Coréia do Sul pediu nesta terça-feira à China que use sua influência para convencer Pyongyang a cancelar o teste de um míssil de longo alcance, enquanto Pequim preferiu pedir a todos os envolvidos que busquem uma solução diplomática para a crise. Estas foram as duas principais mensagens emitidas após a reunião de uma hora entre o ministro de Assuntos Exteriores da China, Li Zhaoxing, e seu colega sul-coreano, Ban Ki-moon, que chegou a Pequim na segunda-feira para uma visita de dois dias na tentativa de aliviar a tensão na Península Coreana. Li e Ban consideraram que a "crise do míssil" não deveria romper a estabilidade na península e garantiram "esforços conjuntos" para resolvê-la diplomaticamente, segundo o diretor-geral do Departamento do Nordeste da Ásia da Chancelaria sul-coreana. Ban pediu à China que use sua influência sobre Pyongyang para que o regime norte-coreano não realize testes com o míssil de longo alcance Taepodong-2 (não nuclear) que, segundo os analistas, poderia chegar aos Estados Unidos. No entanto, a China, um dos poucos aliados que restam à Coréia do Norte e seu principal fornecedor de energia, optou por sua habitual "prudência" ao reconhecer sua influência sobre o regime de Kim Jong-il, e preferiu pedir calma. "Todas as partes envolvidas deveriam manter a resolução pacífica dos assuntos na Península Coreana", disse o conselheiro de Estado Tang Jiaxuan, com quem Ban se reuniu após seu encontro com Li. Em entrevista coletiva, a porta-voz de Assuntos Exteriores da China, Jiang Yu, pediu a todos os envolvidos que tentem evitar "a atmosfera de confronto". As duas fontes oficiais destacaram que é "interesse" da China retomar o diálogo multilateral sobre o programa nuclear de Pyongyang, do qual também participam EUA, Rússia, Japão e Coréia do Sul. O governo norte-coreano interrompeu as negociações em novembro do ano passado. A "crise dos mísseis" começou agora em junho, quando os satélites detectaram um míssil Taepodong-2 em uma base no nordeste da Coréia do Norte, que, segundo fontes das inteligências americana e japonesa, poderia ser lançado no mês que vem. No entanto, este tipo de "movimento" são algumas das ferramentas preferidas por Pyongyang para chamar a atenção e pressionar Washington a conversar diretamente, o que os EUA evitaram até agora. "Há muito tempo a Coréia do Norte quis sustentar um diálogo direto com os EUA. Nunca estiveram muito satisfeitos com as conversas multilaterais", disse nesta terça-feira à Efe Michael Harold, jornalista britânico que viveu sete anos em Pyongyang e autor do livro Comrades and Strangers. Harold acrescentou que a "Coréia do Norte nunca está satisfeita quando a atenção da comunidade internacional não está centrada nela. Nos últimos meses esteve no Irã e não é muito surpreendente que tenham feito algo para recuperá-la". Na opinião do jornalista, o regime de Kim Jong-il tentou em todos estes anos encontrar uma forma de se defender de um possível ataque dos Estados Unidos, que pode ser lançado graças às bases americanas no Japão e na Coréia do Sul. Em meio à tensão, Washington acaba de anunciar a transferência de mísseis Patriot PAC-3 para sua base na ilha japonesa de Okinawa antes do fim do ano. Estes projéteis são capazes de interceptar e destruir projéteis e aviões inimigos, e seriam usados para enfrentar um eventual ataque de mísseis balísticos norte-coreanos. Pyongyang, que se mantém em silêncio a respeito dos supostos mísseis, reiterou sua acusação de que os Estados Unidos continuam firmes em sua "estratégia de invadir a Coréia (do Norte) e estabelecer sua supremacia no nordeste da Ásia".

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