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Sharif volta ao Paquistão em meio a prisão de simpatizantes

Por SIMON GARDNER
Atualização:

O ex-primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif chegou à cidade paquistanesa de Lahore no domingo, após sete anos de exílio, informou a emissora de televisão Dawn. Antes da chegada do ex-premiê, partidários de Sharif disseram que a polícia paquistanesa prendeu vários de seus simpatizantes para impedir que recebessem Sharif. O presidente Pervez Musharraf, aliado dos EUA, decretou estado de emergência no país em 3 de novembro para salvaguardar sua Presidência, mas, sob pressão do rei saudita Abdullah, concordou a contragosto com o retorno de Sharif, o líder que depôs há oito anos num golpe de Estado sem derramamento de sangue e que estava exilado na Arábia Saudita. "Não haverá obstáculo ao retorno de Sharif desta vez, porque ele não estará retornando sem permissão", disse um alto funcionário do governo. Os assessores de Sharif dizem que não há acordo entre os dois adversários de longa data no período que antecede a eleição parlamentar prevista para 8 de janeiro. Com ou sem permissão, a polícia prendeu ativistas do partido de Sharif, conhecido como a Liga Nawaz, antes que pudessem sair às ruas para lhe dar as boas vindas, disseram líderes do partido e a própria polícia. "Prenderam centenas de pessoas a mais esta manhã --devem ser mais de 3.000 pessoas a mais", disse um porta-voz do partido, Ahsan Iqbal. Governos ocidentais temem que o estrangulamento da democracia poderia beneficiar os militantes islâmicos que ameaçam o Paquistão, país que possui armas nucleares. Horas antes do retorno de Sharif, centenas de policiais já ocupavam o aeroporto, carregando escudos antimotim, cassetetes e fuzis. O rei saudita forneceu para Sharif --acompanhado por sua esposa, Kulsoom, e seu irmão, o também político exilado Shahbaz Sharif-- uma Mercedes blindada, disseram assessores. A crescente insegurança no Paquistão foi ressaltada por dois ataques suicidas lançados no sábado em Rawalpindi, cidade próxima à capital Islamabad e sede do quartel-general militar. Os ataques deixaram pelo menos 15 mortos. O porta-voz militar general Waheed Arshad confirmou esse número de mortos no domingo, mas de acordo com alguns órgãos de mídia os mortos seriam mais de 30. Dois agentes de inteligência disseram à Reuters, sob a condição do anonimato, que o número real é 35. Um ataque teve como alvo um ônibus que levava agentes a um centro de inteligência, e o outro atingiu uma barreira militar ao lado do quartel-general do Exército. Desde julho já ocorreram mais de 25 ataques suicidas no Paquistão.

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