Sharon conclama EUA a boicotarem Arafat

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Por Agencia Estado
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A polícia israelense retirou nesta sexta-feira, em segurança, uma potente bomba de um prédio residencial numa vila, nas proximidades da Cisjordânia, e o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, responsabilizando Yasser Arafat por terrorismo, pediu aos Estados Unidos que rompam relações com o líder palestino. Moradores descobriram uma sacola suspeita na escadaria do prédio em Tsur Hadassah, uma vila israelense nas proximidades da cidade de Belém, Cisjordânia. Especialistas em explosivos da polícia inspecionaram a sacola e encontraram a bomba. O artefato foi detonado em segurança. A Rádio de Israel divulgou que o artefato continha partes de uma granada de morteiro, indicando que ele foi plantado por palestinos. No norte de Israel, a polícia bloqueou estradas e montou barreiras pela segunda vez em dois dias devido a advertências de ataques. A principal rodovia que cruza o norte de Israel ficou bloqueada por quatro horas na quinta-feira, depois que a polícia anunciou ter informação de que palestinos planejavam ataques na região. Sharon tem acusado Arafat de encorajar ataques terroristas contra Israel. Tanques israelenses mantêm Arafat em virtual prisão domiciliar nos últimos dois meses na cidade de Ramallah, Cisjordânia. Numa entrevista publicada nesta sexta, Sharon anunciou que em seu próximo encontro, na semana que vem, com George W. Bush, ele vai pedir ao presidente dos Estados Unidos para boicotar e ignorar Arafat. Bush, enquanto isso, voltou a criticar duramente Arafat, dizendo que o líder palestino enganou os EUA sobre um contrabando iraniano de armas para a Autoridade Palestina e que ele "deve fazer um trabalho melhor" no combate ao terrorismo. Bush também exigiu que Arafat exerça sua liderança, sugerindo que os EUA - ao contrário de Israel - ainda não desistiram de tê-lo como um parceiro nas negociações de paz. O encontro de Sharon com Bush na Casa Branca será o quarto em um ano. Bush ainda não convidou Arafat, refletindo a contínua tendência da política dos EUA em favor de Israel. Assessores de Arafat disseram que, se Bush atendesse à sugestão de Sharon, haveria um novo desgaste para Washington no mundo árabe. "O resultado (da reunião Bush-Sharon) nos mostrará se as decisões políticas americanas são traçadas em Tel Aviv ou Washington", afirmou o ministro palestino Ziad Abu Zayyad. Apesar das duras afirmações públicas de Sharon, ele encontrou-se com o vice de Arafat, Mohmoud Abbas, o presidente do Parlamento palestino, Ahmed Qureia, e o conselheiro econômico Khaled Salam, informou um oficial palestino, que falou na condição de anonimato. O encontro foi realizado com a aprovação de Arafat, disse a fonte. Para os palestinos, Sharon é o responsável pela recente onda de violência, que interrompeu um período de um mês de relativa calma, quebrada com o assassinato de um líder miliciano em uma explosão causada por Israel. Os palestinos também afirmam que o confinamento de Arafat e os bloqueios de estradas em torno de suas cidades por parte de Israel os impedem de prevenir ataques contra o Estado judeu. Um integrante do governo Sharon, o ministro do Turismo, Benny Elon, do bloco União Nacional, de extrema direita, disse nesta sexta que seu partido estava revivendo a proposta de remover todos os palestinos da Cisjordânia, uma idéia que sua agremiação chama de "transferência." Elon afirmou à Rádio de Israel que a "transferência" deveria ser parte de um acordo de paz. Ao se decidir o futuro da Cisjordânia, argumentou, "existe a necessidade de desarraigar pessoas", e já que, para ele, os assentamentos judeus não devem ser removidos, os palestinos têm de ser mandados para a vizinha Jordânia. O partido original de Elon, Moledet, foi formado com base no conceito da "transferência", que nunca ganhou apoio majoritário entre o público israelense. A idéia havia sido abandonada da plataforma do Moledet nas eleições parlamentares de 1999. Numa entrevista ao Yediot Ahronot, Sharon rechaçou a idéia por ser "impraticável", e acrescentou: "Rejeito sua legitimidade". Os palestinos, que querem que a Cisjordânia seja parte de um futuro Estado, consideram o conceito de "transferência" racista.

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