Sharon diz que esmagará terror e amplia ofensiva

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Por Agencia Estado
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Em um pronunciamento à nação, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, qualificou o presidente da Autoridade Palestina (AP), Yasser Arafat, como "inimigo de Israel e do mundo livre em geral" e anunciou neste domingo que vai empreender uma luta sem trégua "contra o terrorismo palestino" porque só assim poderá alcançar a paz. O gabinete de segurança de Israel aprovou neste domingo ampliação das operações do Exército na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e a aplicação do "completo isolamento" de Arafat. Tropas e blindados foram deslocados para várias cidades palestinas para apertar o cerco e preparar uma eventual invasão. À noite, tanques tomaram Qalqiliya e aproximaram-se de Belém, ambas na Cisjordânia. O chanceler Shimon Peres disse à imprensa que os planos de expulsar Arafat foram rechaçados na reunião. Sharon declarou que Israel está lutando uma "guerra de sobrevivência" e irá "esmagar" os grupos terroristas palestinos. "O governo israelense decidiu empreender uma ampla operação contra as infra-estruturas terroristas dentro da Autoridade Nacional Palestina porque sabemos que a única via para chegar a um cessar-fogo, a negociações e à paz é com a extirpação dos focos terroristas", disse Sharon na mensagem transmitida pela TV. Ele acusou Arafat de fomentar pessoalmente o terrorismo - palavra que repetiu mais de 30 vezes - e disse que o governo não pode negociar com quem está "pronto para morrer somente para matar civis inocentes". "Desde minha eleição para primeiro-ministro, Israel tem feito todos os esforços pra alcançar a paz: cooperamos com o enviado especial dos Estados Unidos e recebemos terror, cedemos em sete dias de calma e recebemos terror, retiramos o Exército das áreas da Autoridade Palestina e recebemos terror." Sharon argumentou que tentou alcançar sem sucesso um cessar-fogo na semana passada por intermédio do enviado especial norte-americano à região, Anthony Zinni. Quinze mortos, 40 feridos Um atacante palestino suicida explodiu-se por volta das 14h45 (8h45 em Brasília) deste domingo em um restaurante na cidade portuária israelense de Haifa, no norte do país, matando outras 15 pessoas e ferindo pelo menos 40. Foi o quarto ataque desse tipo em Israel em cinco dias ? com um saldo de cerca de 50 mortos - e um dos piores na atual intifada (levante palestino contra a ocupação israelnese), que já dura mais de 18 meses. Menos de duas horas depois, um homem-bomba entrou no assentamento judaico de Efrat, no sul da Cisjordânia, e explodiu-se. Quatro israelenses ficaram feridos. A explosão no restaurante deu início a um incêndio que atingiu as roupas de várias pessoas. O impacto foi tão forte que fez desabar a maior parte do teto e destroçou mesas e janelas. Montes de metal retorcido, fios e entulho ficaram sobre o chão. O restaurante Matza fica perto do shopping center Grand Canyon um dos maiores do país, e de um posto de gasolina, mas ambos não foram atingidos. O grupo fundamentalista islâmico Hamas assumiu a autoria do atentado e identificou o camicase como Shadi Tubasi, de 22 anos, residente do campo de refugiados de Jenin. Segundo a família, ele tinha cidadania israelense. Tubasi era membro das Brigadas Izadin al-Kasan, responsável pelos mais mortíferos atentados em Israel. "Foi horrível ver as pessoas em chamas. Ouvi a explosão, saí do posto de gasolina e comecei a ajudar os feridos", relatou Shimon Sabag à Rádio Israel. "Eu não podia cuidar dos que estavam em estado muito grave, por isso passei a ajudar os menos afetados e tentei apagar o incêndio. Mesmo as pessoas que não estavam tão machucadas estavam envoltas em chamas." O restaurante estava lotado e, segundo o prefeito de Haifa, Amram Mitzna, quase todo mundo que estava dentro ficou ferido. Dezenas de ambulâncias e equipes de socorro chegaram ao local rapidamente. Um homem na faixa dos 20 anos, identificado pela TV israelense como o filho do dono do estabelecinento, sentou-se na calçada chorando, com as mãos na cabeça, e foi confortado por um policial que lhe ofereceu água e um cigarro. A televisão informou que os donos do restaurante, bem como muitos clientes, são árabes-israelenses. As autoridades disseram que entre as vítimas do atentado há árabes e judeus. Haifa é um dos poucos lugares de Israel onde vivem árabes e judeus. A cidade orgulha-se de ser um lugar em que as duas comunidades convivem pacificamente. Foi a segunda vez numa semana que extremistas palestinos explodiram-se em uma área que os árabes também freqüentam. Em relação ao ataque ao assentamento judaico na Cisjordânia, um porta-voz da polícia informou que o atacante detonou os explosivos diante de uma clínica. Efrat está localizado 15 quilômetros ao sul de Jerusalém. Em fereveiro, Efrat foi alvo de um outro atentado, num supermercado que não causou feridos. O homem-bomba foi morto por um colono.

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