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Sharon manifesta claro apoio ao plano de paz de Bush

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, fez hoje a manifestação mais clara de apoio até o momento a uma proposta de paz dos Estados Unidos que contempla a criação de um Estado palestino e prometeu apoiar sua aprovação se for reeleito em 28 de janeiro. No entanto, o primeiro-ministro conservador rejeita um cronograma detalhado do plano. Durante discurso numa palestra sobre segurança nacional na noite de ontem, ele voltou a insistir na idéia - compartilhada por Washington - de que Yasser Arafat deve ser removido do poder e que ataques contra alvos israelenses devem parar antes que algum progresso seja feito. "Não se pode mais esperar de Israel que faça concessões políticas até que haja calma e o governo palestino seja reformado", disse Sharon. Os temores de novos atos de violência aumentaram hoje, depois de Sharon ter dito que membros da rede extremista Al-Qaeda teriam entrado na Faixa de Gaza e no Líbano e estariam trabalhando ao lado do grupo guerrilheiro Hezbollah. "Nós sabemos que eles estão na região", disse ele em Tel Aviv. "Não há dúvidas de que Israel é alvo para um ataque." Sharon também disse ter recebido com satisfação notícias de que importantes líderes palestinos reconheceram ser um erro a insurreição armada contra Israel e que esta deve parar imediatamente. "Hoje nós vemos um racha na sociedade palestina", comentou. "Há pessoas que entendem que Arafat lhes trouxe uma terrível catástrofe. Isto resultará numa direção correta? Espero que sim." Guia da paz No discurso de ontem, Sharon disse que, se for reeleito em 28 de janeiro de 2003, tentará formar um governo de amplas bases que aprovaria um projeto detalhado em junho pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Na época, Bush disse que um Estado palestino deveria ser criado ao lado de Israel dentro de três anos. Hoje, Sharon qualificou o plano de Bush como "razoável, pragmático e praticável" e afirmou aceitá-lo "em princípio". Porém, ele manifestou suas reservas com relação a um "guia da paz" mais detalhado para a criação do futuro Estado palestino desenvolvido pelos mediadores do chamado Quarteto, composto por EUA, Rússia, União Européia (UE) e Organização das Nações Unidas (ONU). Este plano de três fases prevê um Estado palestino provisório em 2003 e sua transformação num país independente e soberano até 2005. O documento também faz exigências específicas a Israel com relação ao congelamento dos assentamentos judaicos. Sharon reiterou ontem à noite suas reservas. Ele rejeita a idéia de um "cronograma predeterminado" e insiste que a passagem de uma fase a outra do plano deve ser feita "com base na performance". Na primeira fase, Israel "atuaria de forma a levantar a pressão militar, criar contigüidade territorial entre os centros populacionais palestinos e facilitar a vida cotidiana do povo palestino", disse ele. Depois disso, um Estado palestino "totalmente desmilitarizado" poderia ser estabelecido com fronteiras provisórias nas áreas sobre as quais deveria governar segundo acordos - o que compreende cerca de 40% da Cisjordânia e dois terços da Faixa de Gaza. A fase final determinaria a condição final do Estado palestino e estabeleceria suas fronteiras permanentes. "A idéia do presidente Bush será discutida e aprovada pelo governo de união nacional que pretendo estabelecer após as eleições", disse ele. "Eu me dedicarei ao máximo para estabelecer o governo de unidade nacional mais amplo possível." Questionado sobre o que dizia a respeito da "contigüidade territorial" entre as cidades palestinas, ele disse ter em mente uma rede de estradas que permita a movimentação sem a necessidade de se passar por postos de checagem ou inspeções do Exército israelense. "Como fazer isto? Aqui você precisa de uma ponte, ali você precisa de um túnel. É só fazer. Não há problema", garantiu. Eleições O Partido Trabalhista retirou-se da coalizão de governo de Sharon em 30 de outubro, obrigando-o a convocar eleições antecipadas. As pesquisas para o pleito de janeiro indicam Sharon e seu Partido Likud à frente dos trabalhistas, em meio a uma onda de desilusão com negociações de paz após mais de dois anos de violência. Sharon tentou persuadir o governo Bush a adiar a reunião do Quarteto para depois das eleições israelenses e de uma votação entre os palestinos, que deveria ocorrer em 20 de janeiro, mas que corre o risco de ser adiada. O ministro de gabinete palestino Saed Erekat desqualificou o discurso de Sharon e acusou-o de tentar confundir o eleitorado israelense ao dizer que aceita algumas idéias da proposta de paz sem comprometer-se com uma retirada total de suas tropas posicionadas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. "Trata-se de um apelo para os centristas israelenses", comentou Erekat. "Ele está tentando fazer parecer que está no caminho da paz."

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