Sharon mantém governo em dia de atentado e mortes

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Por Agencia Estado
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O Parlamento de Israel (Knesset) rejeitou hoje três moções de desconfiança apresentadas por partidos de oposição contra o governo do primeiro-ministro Ariel Sharon, minutos depois de um novo ataque suicida ter matado dois israelenses e ferido 12 na cidade central de Kfar Saba. As moções foram apresentadas pelos partidos Meretz, de esquerda, Shinui, de centro, e a bancada de deputados árabes-israelenses. Se fossem aprovadas, Sharon seria obrigado a convocar eleições parlamentares em 90 dias, antecipando o pleito previsto para até outubro de 2003. A coalizão de governo conta com apenas 55 dos 120 deputados, mas na votação Sharon teve o apoio dos sete parlamentares do ultranacionalista Israel Beitenu-União Nacional, com o qual ele tenta formar um novo gabinete. Sharon perdeu a maioria no Parlamento na última quarta-feira, com a saída do governo do Partido Trabalhista, que discorda da dotação orçamentária para os assentamentos judaicos na Faixa de Gaza e Cisjordânia. Ainda nesta segunda-feira, o Knesset aprovou a nomeação do ex-chefe do Estado-maior das Forças Armadas, Shaul Mofaz, para o cargo de ministro da Defesa, em substituição ao trabalhista Binyamin Ben-Eliezer. O atentado suicida de hoje - o 81º desde o início da atual intifada, em 28 de setembro de 2000 - será o primeiro teste para Mofaz, conhecido por defender duras ações contra os palestinos. No entanto, Israel ainda não informou como responderá ao atentado. Além do militante suicida, dois israelenses morreram. Doze pessoas ficaram feridas. O militante suicida foi identificado como Nabil Sawalha, de 20 anos. Ele detonou os explosivos atados a seu corpo num shopping center em Kfar Saba, cidade situada ao nordeste de Tel Aviv e que faz divisa com Qalqiliya, na Cisjordânia. A autoria do atentado foi reivindicada por um grupo ligado ao movimento político Fatah, contrariando relatos anteriores de que o ataque seria obra da Jihad Islâmica. Palestinos mortos Horas mais cedo, numa aparente retomada da política israelense de assassinatos seletivos, dois palestinos morreram quando o carro no qual viajavam explodiu numa rua da cidade cisjordaniana de Nablus. Palestinos acusaram Israel pelas mortes. Segundo um policial palestino, o carro foi destruído por uma bomba acionada por controle remoto. Um dos mortos era Hamad Sadder, membro do Hamas procurado por Israel. A outra vítima não foi imediatamente identificada. O Estado judeu não se pronunciou sobre o caso. Eleições Antes da votação das três moções no Parlamento, Sharon voltou a deixar claro que não tem a intenção de antecipar as eleições. "Levar o país para eleições já seria irresponsável", afirmou a colegas do partido Likud. "Espero que todos atuem com responsabilizade e não dificultem o funcionamento de um governo estável." A imprensa local especulava hoje que Sharon iria rejeitar a condição imposta pelo ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu - seu maior rival no Likud - para aceitar o posto de chanceler, no lugar do demissionário Shimon Peres. Netanyahu afirmou que assumiria o posto somente se Sharon concordar em antecipar as eleições parlamentares. Antes do pleito, Sharon, atual líder do Likud, teria de disputar com Netanyahu a chefia do partido (e a conseqüente candidatura) nas primárias da agremiação. Também prosseguem as negociações de Sharon com os ultranacionalistas do Israel Beitenu para a formação da nova coalizão. De extrema direita, o União Nacional-Israel Beitenu pediu o cancelamento formal dos acordos de paz com a Organização de Libertação da Palestina (OLP) e a designação da Autoridade Nacional Palestina (ANP) como entidade terrorista. "Esta é uma boa oportunidade para mudar as políticas governamentais", disse o deputado Avigdor Lieberman. "Se Sharon não alterar suas políticas básicas não mudará nada. Por que, então, haveríamos de nos unir ao governo?"

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