Sharon prepara reação a ataque contra kibbutz

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Por Agencia Estado
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O primeiro-ministro Ariel Sharon e seu novo ministro da Defesa estudavam hoje a retaliação contra um ataque palestino, a tiros, a um kibbutz. O ato deixou cinco israelenses mortos, inclusive duas crianças. O atirador, das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, uma milícia vinculada ao movimento Fatah, do líder palestino Yasser Arafat, pulou uma cerca de segurança no kibbutz Metzer, pouco antes da meia-noite de domingo, e promoveu disparos por 20 minutos, antes de desaparecer em direção à Cisjordânia, a aproximadamente um quilômetro de distância. Sharon e o ministro da Defesa, Shaul Mofaz, discutiram uma resposta ao ataque e depois visitaram o kibbutz, inclusive o quarto onde morreram, com a mãe, duas crianças, Noam Ohion, quatro anos, e seu irmão Matam, de cinco. Um assessor de Sharon, Raanan Gissin, adiantou que a resposta será "dentro dos parâmetros das ações que temos tomado nos últimos meses". Isso parece descartar a possibilidade de expulsão de Arafat dos territórios palestinos, apesar de os principais formuladores de política do governo - Sharon, Mofaz e o ministro do Exterior, Benjamin Netanyahu - apoiarem a idéia. Netanyahu repetiu hoje seu antigo pedido de "expulsão do regime de terror de Arafat". O maior obstáculo à expulsão de Arafat parece ser a contínua oposição dos Estados Unidos, num momento em que Washington se prepara para uma possível guerra contra o Iraque e quer evitar antagonismos com o mundo árabe. O ataque elevou a tensão antes da chegada, hoje, do enviado norte-americano David Satterfield, que planeja discutir um plano apoiado pelos EUA visando a reiniciar as negociações de paz no Oriente Médio. O kibbutz Metzer, composto em maior parte por imigrantes da Argentina e seus descendentes, pertence ao movimento esquerdista Hashomer Hatza´ir. Integrantes da comunidade disseram hoje ter relações estreitas com seus vizinhos árabes, e apóiam o estabelecimento de um Estado palestino. O ataque ocorreu no mesmo dia em que autoridades da Fatah e do grupo militante Hamas iniciavam conversações no Cairo, Egito. Oficiais da Fatah haviam adiantado que pediriam ao Hamas para suspender ataques dentro de Israel. Entretanto, o Hamas afirmou que vai continuar com os ataques, assim como as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa. O atentado no kibbutz parece ser fruto de uma luta pelo poder entre a Fatah e as Brigadas, cujos membros dizem estar sendo ignorados pelo novo chefe de segurança de Arafat, o ministro do Interior Hani al-Hassan, da Fatah. "O ataque foi uma mensagem aos negociadores no Cairo, de que as Brigadas Al-Aqsa não vão parar sua luta e ataques contra Israel", disse um porta-voz do grupo no norte da Cisjordânia, que se identificou como Abu Mujahid. Arafat condenou o ataque e ordenou uma investigação. "Vamos discutir isso seriamente", disse. Arafat tem condenado atentados contra civis israelenses, mas afirma que suas forças de segurança não podem operar, com as tropas israelenses controlando áreas palestinas. Em toda a Cisjordânia, soldados israelenses têm estado dentro ou nas proximidades das cidades palestinas pelos últimos cinco meses, impondo toques de recolher e restringindo duramente os movimentos de palestinos, como parte de esforços para impedir que militantes lancem ataques. O número de atentados diminuiu. Mas a presença dos soldados tem prejudicado enormemente a vida dos civis palestinos. Além disso, apesar das restrições, os militantes ainda conseguem penetrar ocasionalmente no Estado judeu e promover atentados.

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