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Sharon quer discutir cessar-fogo, mas manterá ofensiva

Por Agencia Estado
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Com a violência alcançando o maior nível em 17 meses de confrontos, o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, disse neste domingo estar preparado para negociar uma trégua com os palestinos, mas não irá suspender uma ofensiva em curso do Exército contra militantes. "Queremos fazer todos os esforços para alcançar um cessar-fogo", garantiu Sharon. "Ao mesmo tempo, vamos continuar com nossas operações. e se o terror continuar, nossas operações continuarão". O líder israelense fez as declarações horas depois que helicópteros israelenses destruíram a sede da Autoridade Palestina, de Yasser Arafat, na Cidade de Gaza em retaliação a um atentado suicida a bomba palestino que matou 11 pessoas nas proximidades da residência de Sharon em Jerusalém. Em mais violência hoje, três palestinos e um israelense foram mortos em confrontos dispersos na Cisjordânia e Faixa de Gaza. Os Estados Unidos estão pressionando por um cessar-fogo e o enviado norte-americano para o Oriente Médio, Anthony Zinni, visitará a região esta semana na terceira tentativa em poucos meses de conseguir uma trégua entre as partes. Guerra e paz Sharon abandonou a exigência de que haja uma semana de completa calma antes de levar à frente um plano de trégua dos EUA, mas deixou claro que manterá a atual ofensiva militar israelense. "Estamos numa guerra", afirmou numa reunião com ministros, alguns deles exigindo ações ainda mais duras. "Devemos nos manter unidos e fazermos todos os esforços para resistir a essa onda de terror". No Egito, o ministro do Exterior da Arábia Saudita, Saud al-Faisal, ofereceu a Israel a "paz total com as nações árabes" em troca da retirada israelense dos territórios capturados na Guerra dos Seis Dias, de 1967, e da criação de um Estado palestino independente com Jerusalém Oriental como a capital. Al-Faisal, falando após reunir-se com o presidente egípcio Hosni Mubarak apresentou os maiores detalhes até agora de um plano de paz saudita que apareceu pela primeira vez em público no mês passado. O governo Sharon tem expressado reservas em relação ao plano, mas afirma que está disposto a discuti-lo. Os palestinos disseram que o atentado suicida a bomba em Jerusalém e um ataque a tiros na frente de um hotel em Netanya, ambos na noite de sábado, foram uma resposta à intensa campanha militar israelense, que tem incluído incursões em vários campos de refugiados que deixaram muitos civis mortos ou feridos. Resposta "Esta é uma resposta normal da resistência palestina por tudo que Israel tem feito nos campos de refugiados, a civis, mulheres e crianças palestinas", disse Ahmed Abdel Rahman, assessor de Arafat. "Os israelenses têm de esperar tais operações sempre que promoverem uma escalada de seus ataques militares contra nossos civis". Na pior explosão de violência desde que os atuais confrontos tiveram início em setembro de 2000, mais de 120 palestinos e mais de 50 israelenses foram mortos nos primeiros dez dias de março. Numa resposta simbólica aos ataques de sábado à noite, helicópteros e embarcações de combate isralenses lançaram mais de duas dúzias de mísseis contra o grande complexo de Arafat na Cidade de Gaza antes do amanhecer de hoje, transformando a maior parte do prédio de dois andares num monte de entulhos. Documentos O prédio havia sido evacuado antes do ataque, e posteriormente trabalhadores vasculhavam os escombros em busca de documentos no complexo, um dos principais símbolos das aspirações palestinas por um Estado. Em seu escritório, Arafat recebia líderes mundiais, como o ex-presidente americano Bill Clinton e o falecido rei Hussein da Jordânia. Arafat tem estado confinado em seu quartel-general em Ramallah, Cisjordânia, por mais de três meses pelas forças israelenses. Também em Gaza, um palestino abriu fogo contra israelenses na entrada de um assentamento judaico, ferindo dois homens, antes de ser morto a tiros. Um dos israelenses feridos morreu posteriormente num hospital. As Brigadas Al Aqsa, uma milícia filiada ao movimento Fatah, de Arafat, assumiu responsabilidade pelo ataque. Em Ramallah, tropas israelenses mataram a tiros um palestino num posto de checagem militar. O Exército de Israel afirmou que o homem, com uma mochila nas costas, desobedeceu ordens para parar, e que posteriormente foi descoberto que ele carregava um fuzil e granadas. Palestinos disseram que o homem estava desarmado. E nas proximidades da cidade de Nablus, Cisjordânia, um menino palestino de 13 anos foi morto a tiros por soldados israelense enquanto jogava com outros jovens pedras nos militares. Na última de várias incursões em campos de refugiados palestinos, soldados israelenses promoveram buscas de casa em casa em Dheisheh, nas proximidades de Belém, Cisjordânia. Entretanto, grupos palestinos disseram que militantes abandonaram o campo na noite de sábado ao perceber a aproximação de tanques e blindados israelenses.

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