Sharon se reúne com Netanyahu em busca de aliança

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, reuniu-se hoje com o ex-premier Benjamin Netanyahu para oferecer-lhe, segundo notícias, o cargo de ministro do Exterior no frágil governo de minoria de Sharon. As conversações no rancho de Sharon no deserto de Negev terminaram sem que nenhum dos dois falasse a repórteres esperando no lado de fora. A mídia israelense especulou que nenhuma decisão foi alcançada e que os dois concordaram em se encontrar novamente no domingo. O moderado Partido Trabalhista, a maior facção na coalizão de Sharon, retirou-se do governo esta semana por discordâncias sobre o novo orçamento, deixando o governo sem uma maioria. A saída deixou sem titular a pasta do Exterior, anteriormente assumida pelo trabalhista Shimon Peres. A rádio e tevê israelenses divulgaram que Sharon convidou Netanyahu para oferecer-lhe o ministério. O escritório de Netanyahu recusou-se a comentar o assunto. Peres era bem recebido nas capitais estrangeiras e um elegante advogado das políticas israelenses num momento em que elas sofriam duras críticas. É amplamente esperado que Netanyahu desafie Sharon na liderança do Partido Likud antes das próximas eleições. Netanyahu, educado nos Estados Unidos, sabe usar com maestria a mídia e é um diplomata experiente. Quando Netanyahu foi primeiro-ministro de 1996 a 1999, ele nomeou Sharon como seu ministro do Exterior. Parece que Sharon prefere trazer Netanyahu para o governo, onde ele estaria sujeito à disciplina do gabinete, ao invés de permitir que ele faça suas críticas por fora. Sharon já ofereceu o Ministério da Defesa, que estava com o líder trabalhista Binyamin Ben-Eliezer, para o ex-comandante do Estado Maior Shaul Mofaz. Mofaz construiu uma reputação de linha-dura e comandou a repressão do Exército ao levante palestino pela maior parte dos últimos dois anos. Mofaz tem defendido a expulsão do líder palestino Yasser Arafat dos territórios ocupados. Sharon tenta formar uma nova coalizão com pequenos partidos de extrema-direita, mas ele garantiu que não irá mudar suas posições para recebê-los. "Vou formar um governo com uma nova característica", disse ele ao jornal Maariv. "As linhas políticas permanecerão exatamente iguais e seus objetivos não mudarão: guerra contra o terror, retomada das negociações políticas e a busca de um acordo". A coalizão de Sharon tem agora apenas 55 das 120 cadeiras do Parlamento. Um candidato a entrar na coalizão é a União Nacional ? Israel Beiteinu, de extrema-direita, que tem sete parlamentares ? o suficiente para restaurar a maioria do governo. O partido fez originalmente parte da coalizão de Sharon quando ela foi formada no ano passado, mas a abandonou por divergências políticas. Parlamentares da União Nacional querem que Sharon se afaste das políticas que eles acreditam terem sido adotadas para apaziguar o Partido Trabalhista. A União Nacional se opõe a negociações com os palestinos e defende a anexação da Faixa de Gaza e Cisjordânia, territórios onde os palestinos querem formar um Estado. Membros do partido defendem a expulsão de todos os palestinos da Cisjordânia e Faixa de Gaza. Jornais israelenses noticiaram que Sharon conversou com autoridades do governo americano na quinta-feira, e prometeu que não haverá grandes mudanças políticas. Enquanto isso, num sinal da deterioração das relações entre israelenses e palestinos, Israel decidiu colocar sob um só órgão os escritórios militar e civil responsáveis por contatos com os palestinos. Autoridades israelenses afirmaram que a iniciativa visa tornar mais eficiente para oficiais de segurança palestinos a coordenação com o Exército do Estado judeu, e para os civis palestinos usarem os escritórios para obter permissão de trabalho, de entrada em Israel e outros documentos. Entretanto, a iniciativa marca um retrocesso no sistema estabelecido em 1994 como parte dos acordos de paz de Oslo assinados um ano antes. "Não fomos informados sobre a decisão e estamos esperando esclarecimentos do lado israelense", disse Jamil Tarifi, coordenador-geral dos assuntos civis para os palestinos. Os escritórios de ligação militar e civil foram estabelecidos quando Israel começou a transferir partes da Cisjordânia e Faixa de Gaza para a Autoridade Palestina, de Arafat. Os escritórios faziam parte da transição do regime militar israelense que existiu nos territórios desde que o Estado judeu os capturou na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.