Sheik islâmico diz que há fanáticos em todas as religiões

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Por Agencia Estado
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Presidente da Assembléia Mundial da Juventude Islâmica, o sheik Ali Mohamad Abdouni acredita que a probabilidade de um grupo muçulmano ter sido responsável pelos atentados terroristas nos Estados Unidos é a mesma de qualquer outra religião. "Existem fanáticos em todas as crenças. Matar inocentes vai contra o Alcorão. Mesmo assim, os islâmicos são apontados como suspeitos sempre que acontecem os atentados", criticou Abdouni. De acordo com a Assembléia Mundial da Juventude Islâmica existem cerca de 1,35 bilhão de seguidores da religião muçulmana no mundo e apenas 30% deles são árabes. A maior parte dos islâmicos vive nos Estados Unidos e em países europeus. No Brasil, são 1,5 milhão. A religião é a que mais cresce no mundo, segundo o sheik Abdouni. "Não se pode generalizar. Se um muçulmano promove um ato terrorista, ele deve ser punido, mas não sua religião ou seu país de origem. Quando um americano foi responsabilizado pelo atentado de Oklahoma, não se falou sobre sua religião nem se colocou o povo americano como terrorista", lembrou o líder religioso. Segundo a professora de História e comentarista política Lúcia Padilha, da Universidade Cândido Mendes, as pessoas fazem leituras equivocadas do Alcorão. "O catolicismo também diz que os mártires têm um lugar especial no céu. Não há como dizer que o Alcorão incita à guerra santa", disse a professora. "Nenhum dos cinco preceitos do islamismo prega o terrorismo. É uma religião universal, simples, de fácil entendimento." Ela acredita que muitas pessoas tenham participado dos atentados, e não um único grupo. "Osama Bin Laden está sendo apontado por todas as declarações que ele fez no passado, mas, se fez, não fez sozinho", disse. "O que mais me causa espécie é o abalo que isso representa no nacionalismo dos Estados Unidos, cujo povo não conhece o fracasso, exceto pelo episódio Vietnã."

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