Silenciosa, ofensiva digital é arrasadora

Ataque cibernético poderia esvaziar contas bancárias e causar blecautes

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Um ataque cibernético é silencioso, preciso e letal. O alvo, quase sempre um setor vital: as centrais geradoras de energia, por exemplo. Ou as redes de telecomunicações. Talvez, o núcleo financeiro do inimigo. O Exército invasor está a milhares de quilômetros de distância, abrigado sob toneladas de concreto e utilizando como armas computadores de alta capacidade. Nada de tiros, explosões e bombas inteligentes. "O objetivo da luta não é destruir - é neutralizar a capacidade operacional e paralisar serviços", explica o analista de assuntos estratégicos Raul Ribeiro Passos, do Centro de Altos Estudos da Universidade Notre Dame, em Indiana, nos EUA. "Os combatentes usam teclados e monitores digitais. Na sociedade informatizada são chamados de hackers - mas, nesse caso, trata-se de uma tropa especial, sempre pronta para entrar em ação", diz o cientista. Uma rede cibernética ofensiva utiliza como plataforma a rede mundial internet, com bases interligadas em diversos países como forma de defesa. A doutrina das operações está sustentada na surpresa e na capacidade inicial de invadir bancos de informações para extrair arquivos confidenciais. Esse movimento é um facilitador da situação seguinte, em que o alvo é impedir o funcionamento dos recursos de comando e controle, "de forma a criar sensação de insegurança e decepção na população, ameaçada pelo inimigo invisível", sustenta o professor Passos. Países desenvolvidos e emergentes são mais vulneráveis em cinco setores - energia, telecomunicações, sistema financeiro, saúde, serviços do governo -, todos gerenciados por sistemas computadorizados. "Pense bem: um dia os 11 milhões de clientes dos bancos de Londres acordam e encontram suas contas esvaziadas. Horas depois, é a energia que desaparece sem explicação. No fim da tarde será o caos - e a batalha terá sido vencida sem um só tiro", afirma Raul Passos.

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