Depois de três dias de relativa calma, hoje,diferentes organizações sindicais anunciaram para estasemana uma jornada de protestos, em pleno estado de emergência,provocando temores de novos incidentes violentos no Peru. O sindicato dos professores, SUTEP, anunciou neste domingo quecontinuará com uma greve nacional, iniciada em 12 de maio, poraumento de salários, enquanto a maior central sindical do país,a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP), convocoumanifestações para terça-feira a fim de pressionar o governo asuspender o estado de exceção. O estado de emergência, em vigor desde quarta-feira última eque colocou nas mãos da polícia e do Exército o controle daordem pública, deixou nos dois primeiros dias um morto, dezenasde feridos e mais de 300 detidos, segundo números do ministro doInterior, Alberto Sanabria. O SUTEP acusou hoje o governo de tentar se impor "a ferro efogo", e anunciou a continuidade da greve. "Não vamos voltar ao trabalho enquanto não houver umasolução", adiantou o dirigente Simeón Escalante. Além de impor o estado de emergência por 30 dias, o governodeclarou ilegal a greve dos professores e ameaçou despedir osque não retornarem nesta segunda-feira ao trabalho. Num comunicado, o SUTEP exigiu o cumprimento de um acordo de40 pontos alcançado com o governo, que agora, segundo osindicato, o quer desconhecer. Também, o sindicato exige que o governo melhore sua propostade aumento salarial de o equivalente a US$ 28,7 mensais, a fimde que a administração Toledo cumpra sua promessa de dobrar aremuneração dos professores até o fim do mandato, em 2006. Já o CGTP convocou uma jornada de mobilizações pacíficascontra o estado de emergência, apesar de estarem proibidasconcentrações públicas. "Com esse tipo de atitude, (a CGTP) estaria rompendo pelomenos um acordo: de se ter uma sociedade com paz, tranquilidadee ordem", criticou o chefe de gabinete, Luis Solari. O governo Toledo declarou o estado de emergência frente a umaonda de greves e protestos, iniciados pelo SUTEP, mas querecebeu a adesão de camponeses, trabalhadores da previdênciasocial e do poder judiciário, levando o país à beira do caos nasemana passada. Ao invés de acalmá-los, o estado de emergência exacerbou osânimos dos professores, que continuaram com as mobilizações emcidades do interior do país, desafiando a proibição de reuniõesem vias públicas. A lei de estado de emergência, prevista na Constituição parasituações de desordem social, estabelece a suspensão degarantias pessoais, da inviolabilidade de domicílio e daliberdade de reunião e de movimento. Quinta-feira na cidade de Puno foi registrado o incidente maisgrave durante o estado de emergência: um universitário foi mortoa tiros e outros 36 civis ficaram feridos em confrontos com apolícia. Treze policiais também ficaram feridos.