SIP critica Cristina por ataques à imprensa

Para organização, presidente argentina tenta controlar os meios de comunicação

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Por Ariel Palacios CORRESPONDENTE e BUENOS AIRES
Atualização:

Ataque.

Cristina (D) mostra documentos da investigação sobre a empresa Papel Prensa

 

 

 

 

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A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), criticou ontem a decisão da presidente argentina, Cristina Kirchner, de submeter ao Parlamento um projeto de lei para declarar de "interesse público" a produção, distribuição e comercialização no país de papel de jornal, atualmente fabricado pela empresa Papel Prensa.Segundo a SIP, o projeto do governo Kirchner é "inconstitucional", pois busca estabelecer um "controle da mídia". Na véspera, Cristina havia anunciado em rede nacional de TV que pretendia que o Estado argentino regulasse esse produto em breve. O presidente da SIP, Alejandro Aguirre, afirmou que "é perigoso que se use o conceito de "interesse público", pois isso pode induzir a que existam leis para desapropriar ou regular a atividade, fato que denota uma possibilidade de avanço sobre os meios de comunicação e de controle da liberdade de imprensa por intermédio do insumo".O governo do presidente americano, Barack Obama, também manifestou preocupação pelo "forte debate" entre o governo Kirchner e a imprensa argentina. Ontem, o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner, afirmou que os EUA acompanham de perto o cenário, já que Washington "leva muito a sério as preocupações sobre liberdade jornalística".Cristina já anunciou que pedirá à Justiça argentina que os jornais Clarín e La Nación sejam processados por "crimes contra a humanidade" por suposta participação em torturas cometidas contra Lidia Papaleo de Graiver, viúva do banqueiro David Graiver, antigo dono da Papel Prensa, com o objetivo de forçar a venda da empresa em 1976. No entanto, Isidoro Graiver, irmão do antigo dono, desmentiu a acusação do governo em um documento publicado ontem por ambos os jornais. Segundo Isidoro, as torturas contra a família - e contra ele mesmo - foram cometidas pelos militares em 1977, meses depois da venda das ações da Papel Prensa ao Clarín e ao La Nación. "A venda de nossos ativos foi feita nas melhores condições possíveis, sem ameaças e em liberdade", disse. A filha do banqueiro e de Lidia, Maria Sol, também assinou um documento no qual ressalta que a operação de venda das ações em 1976 foi realizada de forma legal.Linchamento. "Parece o saldão da desapropriação", disse ao Estado José Ignacio Lopez, porta-voz do La Nación. Segundo ele, caso os jornais sejam impedidos de usar o papel produzido pela Papel Prensa, a alternativa seria importar o insumo. "Mas não seria de surpreender que, nessa hipótese, o governo decida cancelar as importações." López afirma que as acusações de tortura são "um disparate", que Cristina pretende converter num "linchamento".PONTOS-CHAVEAssédio fiscalEm setembro de 2009, dezenas de agentes do Fisco argentino invadem a sede do jornal "Clarín" e confiscam livros fiscais e outros documentos Lei de mídia Em outubro, governo argentino leva Congresso a aprovar lei que restringe a atuaçãoempresarial de grupos de mídia. O "Clarín" é o mais prejudicado pela medidaFusão desfeitaEm dezembro, o governo anula uma resolução que baixara em 2007, pela qual aprovava a fusão das operadoras de TV por assinatura Multicanal e Cablevisión, do Grupo Clarín Caça à FibertelHá uma semana, o governo cassou a licença de funcionamento da Fibertel, a principal provedora de internet do país, ligada ao Grupo Clarín - ao qual Néstor Kirchner (foto) declarou guerra

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