SIP vê retrocesso democrático na América Latina

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Por AE
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O assédio do narcotráfico e dos governos latino-americanos de esquerda à liberdade de imprensa são comparáveis aos efeitos nocivos que as ditaduras militares tiveram nos anos 60 e 70 na região. O alerta foi feito pelo novo presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), o guatemalteco Gonzalo Marroquín, que assumiu o cargo ontem, no encerramento da 66.ª assembleia-geral da organização. Reunidos em Mérida, no México, desde sexta-feira, 575 membros da SIP encerraram o encontro alertando para o que eles consideram ser um "quadro sombrio", de retrocesso democrático na região.Ricardo Trotti, diretor para Liberdade de Expressão da SIP - entidade que representa mais de 1,3 mil empresas privadas de comunicação -, disse que a reunião de Mérida "assegurou a inserção na agenda pública da premissa de que a liberdade de expressão é um direito de todos os cidadãos". Para ele, a pressão que governos como os da Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina exercem sobre a imprensa pode ser comparada ao cerco das ditaduras militares de décadas passadas. "Em outras épocas, as grandes batalhas da SIP foram contra os ditadores de qualquer ideologia e as ditaduras militares." Segundo Trotti, ainda hoje é preciso defender a ideia de que a liberdade de imprensa é "um fundamento de qualquer sistema democrático"."Queremos que as pessoas entendam que os regimes autoritários, o narcotráfico e os políticos que querem se perpetuar no poder atuam da mesma forma como as ditaduras militares atuavam no século passado e nós, como naquela ocasião, vamos nos opor a isso", disse Marroquín.BrasilO Brasil também despertou preocupação na SIP, tanto pelos assassinatos de dois jornalistas ocorridos em outubro - um no Rio de Janeiro, outro no Rio Grande do Norte - quanto pelas tentativas do governo de exercer "controle social" sobre a imprensa por meio de propostas como as que foram debatidas na Conferência Nacional de Comunicação. A censura sobre o jornal O Estado de S. Paulo - que está há 467 dias proibido de publicar notícias sobre a operação da Polícia Federal que investiga o empresário Fernando Sarney - também foi condenada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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