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Síria acusa Estados Unidos de interferência em crise interna

Ida de embaixador americano à cidade palco de levantes antigoverno provoca críticas de Damasco

Por BBC Brasil
Atualização:

O governo da Síria acusou os Estados Unidos de "interferir" em suas questões internas, depois de o embaixador americano no país ter viajado à cidade de Hama, foco de protestos contra o regime sírio.

 

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A Chancelaria síria disse nesta quinta-feira que a visita do embaixador Robert Ford a Hama é "prova óbvia" do envolvimento dos EUA nas repetidas manifestações antigoverno no país árabe.

Mais cedo, o Departamento de Estado dos EUA havia dito que a ida de Ford à cidade tem como objetivo prestar solidariedade aos manifestantes antigoverno nos protestos que devem se seguir às preces desta sexta-feira.

Na sexta passada, Hama foi palco de uma das maiores marchas de oposição ao governo sírio desde o início da atual onda de protestos, há três meses.

Centenas de moradores da cidade estão em fuga, temendo que as forças de segurança promovam uma nova ofensiva para reprimir os manifestantes.

Há relatos de que tanques estão estacionados nos arredores da cidade e de que ao menos 22 pessoas foram mortas a tiros nos últimos dias.

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Hama é um histórico palco de confrontos - em 1982, um levante contra Hafez al-Assad, então governante e pai do atual presidente, foi duramente reprimido pelas forças de segurança do país. Estima-se que milhares de pessoas tenham morrido na ocasião.

Relações diplomáticas

A correspondente da BBC em Washington Kim Ghattas relata que a ida do embaixador americano a Hama pode dissuadir o presidente sírio, Bashar al-Assad, de lançar uma forte ofensiva contra a cidade.

Damasco, por sua vez, criticou duramente a visita.

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"A presença do embaixador americano em Hama, sem permissão prévia, prova a ligação dos EUA com os atuais acontecimentos e de suas tentativas de aumentar (as tensões), prejudicando a segurança e a estabilidade da Síria", disse a Chancelaria do país, em comunicado.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Victoria Nuland, citou nesta quinta uma "grande preocupação" de Washington com a situação em Hama e alegou que a intenção de Ford é "deixar absolutamente claro, com sua presença, que estamos ao lado dos sírios que estão expressando seu direito de exigir mudanças".

Ford assumiu seu posto na Síria em janeiro, em meio a tentativas de retomada do diálogo entre Washington e Damasco.

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Até então, os EUA haviam passado seis anos sem um embaixador na Síria. Os países haviam congelado suas relações depois que a Síria e o grupo Hezbollah foram acusados, em 2005, de participação no assassinato do ex-premiê libanês Rakif Hariri.

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