DAMASCO - A Síria acusou ontem as forças israelenses de assassinar a tiros Medhat al-Saleh, um ex-membro do Parlamento sírio que passou 12 anos na prisão em Israel. A agência de notícias síria Sana disse que Saleh “foi martirizado quando o inimigo israelense o alvejou com fogo enquanto voltava para casa”.
Saleh vivia em Ain al-Tineh, um vilarejo na Síria que fica perto das Colinas do Golan, ocupadas pelos israelenses na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Um porta-voz militar israelense disse que o Exército não comenta alegações feitas por governos estrangeiros.
Saleh foi preso em 1985, sob a acusação de “resistência” às autoridades israelenses. Após ser libertado, em 1997, ele serviu como deputado no Parlamento sírio. O regime do presidente da Síria, Bashar Assad, disse que o assassinato do ex-parlamentar foi um “ato de covardia”.
Nos últimos dias, Israel tem intensificado sua atuação dentro do território sírio. Na quinta-feira, um ataque aéreo israelense matou nove combatentes ligados ao governo da Síria perto da cidade histórica de Palmira.
A Rússia acusou o governo israelense de usar dois aviões civis de passageiros, que sobrevoavam a região, como escudo para executar o bombardeio. A ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que monitora o conflito, disse que o ataque teve como alvos posições iranianas.
Desde o início da guerra civil na Síria, em fevereiro de 2011, Israel vem executando ataques dentro do país vizinho, a maioria contra tropas do governo, mas também contra as forças iranianas e libanesas aliadas de Damasco.
O Exército israelense, no entanto, raramente reconhece esse tipo de ação, mas em diversas ocasiões repetiu que não deixará que a Síria se torne um reduto do Irã, seu grande inimigo regional. O regime de Teerã mantém uma rede de aliados que se estende do Líbano, com o Hezbollah, passando pelas milícias sírias e iraquianas, até os houthis, grupo xiita que tem papel importante no conflito civil do Iêmen. / AP e REUTERS