Síria anuncia libertação de prisioneiros em meio a visita de monitores

Medida é uma das condições do acordo da Liga Árabe aceito pelo regime de Bashar Assad

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Por BBC Brasil
Atualização:

BEIRUTE - A Síria anunciou nesta quarta-feira, 28, a libertação de 755 pessoas detidas durante os protestos contra o presidente Bashar Assad, enquanto uma equipe de observadores da Liga Árabe visita o país para verificar o cumprimento de um acordo de paz.

 

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De acordo com a TV estatal síria, os prisioneiros se envolveram "em incidentes recentes", mas não tiveram "as mãos manchadas com sangue sírio". A TV não mencionou, no entanto, onde os manifestantes foram detidos.

 

Segundo o plano de paz acordado entre o governo e a Liga Árabe, todos os manifestantes presos durante os protestos contra o governo, iniciados em março, devem ser soltos pela Síria. Além disso, o governo de Assad deve retirar todas as suas tropas das ruas nas áreas de conflito. O regime sírio, que já foi alvo de sanções internacionais, corre o risco de novas represálias caso não cumpra com o acordo. A ONU e entidades de defesa dos direitos humanos estimam que 14 mil pessoas tenham sido detidas, e outras 5 mil tenham sido mortas, devido à repressão do regime sírio contra os manifestantes. 'Gesto pequeno' O correspondente da BBC em Beirute Jim Muir afirma que a libertação dos 755 prisioneiros é um gesto relativamente pequeno por parte do governo sírio, para dar a aparência de que está cooperando com a Liga Árabe. Em novembro, o governo soltou 1.180 prisioneiros, citando condições semelhantes às da libertação mais recente. No entanto, o regime é acusado de cometer abusos contra os detidos. Nessa terça-feira, o grupo de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch acusou as autoridades sírias de esconder centenas de presos em instalações militares, onde os observadores da Liga Árabe não têm permissão de entrar. Recentemente, a alta comissária da ONU para direitos humanos, Navi Pillay, afirmou que há provas de que as forças de segurança sírias cometeram crimes contra a humanidade em relação à população civil, incluindo assassinatos, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, aprisionamento e desaparecimentos forçados. Mais violência Os monitores da Liga Árabe, responsáveis por checar se o regime sírio está cumprindo com o acordo de paz, continuam chegando ao país, mas há relatos de novos casos de violência contra a população. Os Comitês Locais de Coordenação sírios (de oposição) afirmam que sete pessoas foram mortas na Síria nesta quarta-feira, sendo quatro em Homs, duas em Hama e uma em Aleppo. Imagens em vídeo que teriam sido feitas nesta quarta-feira na cidade de Hama mostram o que parecem ser manifestantes fugindo das forças de segurança enquanto uma espessa fumaça negra sobe ao fundo. Os números de mortos e demais informações relativas aos confrontos na Síria são difíceis de verificar, já que jornalistas estrangeiros são proibidos de trabalhar no país. O governo da Síria afirma que está combatendo grupos de terroristas armados, e que centenas de integrantes das forças de segurança também foram mortos nos protestos. Observadores Nesta quarta-feira, os inspetores voltaram à cidade de Homs, um dos principais focos de protestos contra o regime de Assad. Os observadores também visitam outros três focos de manifestações: a cidade de Hama, perto de Homs, a província de Idlib, no noroeste, e a província de Deraa, no sul, onde os protestos começaram. Um morador do distrito de Baba Amr, em Homs, disse à agência Reuters que os ativistas se recusam a encontrar os monitores da Liga Árabe, porque eles se negam a abandonar sua escolta do exército. No entanto, o correspondente da BBC diz que os observadores estão conseguindo se movimentar sem restrições, encontrando moradores e ouvindo suas histórias. O chefe da equipe de monitores, o general sudanês Mustafa Dabi, disse que, até agora, não presenciou "nada assustador" na Síria, afirmando que sua experiência no país tem sido "tranquilizadora", contrariando a opinião de alguns ativistas e observadores internacionais. O correspondente da BBC afirma, no entanto, que o general Dabi está claramente evitando emitir julgamentos, e que o pequeno número de monitores da Liga Árabe indica que é virtualmente impossível cobrir tudo que acontece em um país tão grande.

 

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