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Síria cometeu execuções e tortura em grande escala, diz relatório da ONU

Pelo menos 1,1 mil foram mortos nos últimos meses em protestos; governo prepara nova operação militar

Por BBC Brasil
Atualização:

Manifestação pró-Assad em Damasco nesta quarta; pelo menos 1,1 mil morreram no país

 

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O governo da Síria cometeu crimes sérios em grande escala, como execuções, tortura e detenções em massa, durante a repressão aos protestos pró-democracia dos últimos três meses, segundo relatório da ONU sobre a crise no país divulgado nesta quarta-feira, 15. O documento afirma que pelo menos 1,1 mil pessoas teriam sido mortas, muitos delas civis desarmados, e 10 mil detidas. O relatório foi compilado com base em evidências apresentadas por grupos de defesa dos direitos humanos sírios e pessoas que fugiram do país para escapar da violência.

 

As denúncias contra o governo incluem "o uso excessivo de força para conter manifestantes, detenções arbitrárias, execuções sumárias e tortura", diz o documento. "As denúncias mais sérias dizem respeito ao uso de munição real contra civis desarmados, inclusive por franco-atiradores posicionados no alto de prédios e o envio de tanques para áreas densamente povoadas por civis", completou.

Cidades inteiras foram cercadas, como Deraa (no sul da Síria), impedindo a fuga de civis e a entrada de ajuda humanitária e mantimentos. O governo sírio não permitiu a entrada dos investigadores da ONU no país. Jisr Al-Shughour O documento da ONU diz também que helicópteros militares dispararam contra civis durante a recente operação na cidade de Jisr Al-Shughour (no norte do país). A Síria diz que a operação foi em resposta ao assassinato de 120 integrantes das forças de segurança que teriam sido mortos por "gangues armadas". Já testemunhas dizem que os soldados foram executados por se recusarem a disparar contra civis. Nesta quarta-feira, a Síria fez um apelo para que os mais de 8 mil habitantes de Jisr Al-Shughour que fugiram nos últimos dias para a Turquia voltem ao país. Um comunicado militar sírio diz que o Exército segue perseguindo "remanescentes de organizações terroristas armadas" nas montanhas ao redor da cidade. O comunicado diz que as Forças Armadas sírias preparam uma "operação limitada" na cidade de Maarat Al-Numan, próxima de Jisr Al-Shughour. Segundo testemunhas, uma grande quantidade de tanques está nas cercanias da localidade. Milhares de pessoas vêm fugindo da cidade por conta da violência.

 

Refugiados sírios na Turquia dizem que tropas leais ao presidente Bashar al-Assad queimaram terras e colheitas como forma de punição coletiva às partes do país que aderiram aos protestos. Ainda nesta quarta-feira, milhares de pessoas realizaram uma manifestação na capital síria, Damasco, a favor do governo.

 

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