Síria diz que é impossível um cessar-fogo sem retirada de Israel

Síria defende que o Exército israelense deve se retirar "até a Linha Azul", criada pela ONU após a retirada israelense do sul do Líbano em maio de 2000 após 22 anos de ocupação

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro de Assuntos Exteriores sírio, Walid Moallem, afirmou hoje em Beirute que "é impossível um cessar-fogo sem a retirada de Israel" do território libanês, e reiterou a necessidade de que o cessar-fogo seja "imediato e incondicional". Em entrevista coletiva concedida na capital libanesa, aonde chegou esta manhã para participar na segunda-feira da reunião extraordinária dos ministros de Exteriores da Liga Árabe, Moallem explicou que o Exército israelense deve se retirar "até a Linha Azul", criada pela ONU após a retirada israelense do sul do Líbano em maio de 2000 após 22 anos de ocupação. O ministro sírio mencionou também o retorno dos deslocados a suas casas como mais uma condição para pôr fim à crise no Líbano. Pouco antes, ao chegar ao aeroporto de Beirute, Moallem tinha dito aos jornalistas que "todos devem estar orgulhosos das vitórias que a resistência nacional libanesa obteve ao enfrentar a agressão israelense bárbara contra o Líbano". "Os árabes estão diante de uma encruzilhada; ou estamos com nosso povo e com o espírito da resistência, ou nos condenamos ao extermínio", disse. O Líbano anunciou hoje que rejeita a minuta de resolução apresentada ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e pediu que alguns de seus aspectos "sejam reconsiderados". A minuta de resolução é o resultado do acordo fechado neste sábado entre Estados Unidos e França sobre uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para colocar um fim nos combates entre Israel e o Hezbollah, no Líbano. Os dois países fazem a mediação com as partes em conflito: os EUA, com Israel, e a França com o Líbano (o Hezbollah aceitou ser representado pelo governo libanês, do qual faz parte). O ministro sírio assegurou que a Síria "apóia as exigências do Líbano, sua resistência e sua rejeição a todos os projetos que tentam impor ao Líbano através do Conselho de Segurança". Posição israelense O presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, pediu aos ministros de Exteriores da Liga Árabe, que se reunirão na segunda-feira na capital libanesa, que "rejeitem" a minuta de resolução, que descreveu como "um retorno" do país "à situação de antes de 24 de maio de 2000", data da retirada israelense do sul do Líbano. Do outro lado, as autoridades israelenses debatem a proposta franco-americana. De acordo com o ministro de Turismo, o trabalhista Yitzhak Herzog, o Governo israelense "analisará com cuidado e profundidade a proposta e depois responderá", afirmou hoje. Herzog considera o plano "um novo passo no processo político que parece estar na última fase deste conflito". O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, pediu a seus ministros que não façam avaliações positivas a respeito do projeto de resolução da ONU sobre um cessar-fogo no Líbano, pois a proposta ainda é apenas uma minuta. Olmert insistiu em que não é momento para "lançar uma campanha pública sobre este assunto", e lembrou uma expressão israelense equivalente a "em boca fechada não entra mosca".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.