Síria, Irã e processo de paz dominarão agenda

Para palestinos, visita de Obama se atém a temas de segurança de Israel e ignora ocupação de territórios árabes

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Três temas centrais acompanharão o presidente Barack Obama por onde ele for nos próximos dias, de Tel-Aviv a Amã: a guerra civil na Síria, o programa nuclear do Irã e o processo de paz entre palestinos e israelenses. Líderes de Ramallah, entretanto, reclamam da ênfase da Casa Branca na segurança de Israel e pedem que Obama também condene publicamente os assentamentos israelenses, algo que analistas consideram "improvável"."Obviamente causa frustração o que estamos ouvindo sobre essa visita. Parece que, mais uma vez, as questões de segurança de Israel vão se sobrepor ao processo de paz", afirmou ao Estado Hanan Ashrawi, deputada palestina que por décadas atuou como negociadora com os israelenses. Hanan e líderes da Autoridade Palestina querem escutar de Obama uma reprimenda formal contra as construções israelenses na Cisjordânia e Jerusalém. Dave Hartwell, analista sênior da consultoria IHS Janes, duvida que o presidente americano adote uma posição dura contra os assentamentos israelenses. "Pelo que estamos vendo, não é esse o espírito da viagem", diz.No topo da agenda, afirma Hartwell, estará o programa nuclear iraniano. O analista acredita que Obama buscará dar ao governo de Binyamin Netanyahu garantias de que os EUA não adotarão uma "política de contensão" diante de Teerã, que permitiria avanços em direção à tecnologia de uso militar. "Washington vem adotando uma política de sanções e operações secretas de sabotagem contra o Irã e isso não vai mudar. Obama quer deixar muito clara essa mensagem a Netanyahu."Recomeço. Nos bastidores, funcionários de Washington e Tel-Aviv admitem que a visita busca "zerar o marcador" na relação pessoal entre o presidente americano e o premiê israelense. Em seu primeiro mandato, Obama não se entendeu com Netanyahu e a situação ficou ainda mais incômoda depois que o líder israelense não escondeu sua preferência pelo republicano Mitt Romney na eleição de outubro.O professor Eytan Gilboa, da universidade israelense Bar-Ilan, acredita que o presidente americano quer também "reconquistar" a opinião pública israelense. Uma recente pesquisa conduzida por Gilboa indicou que cerca de 10% dos cidadãos judeus de Israel têm uma visão favorável de Obama. "A pressão sobre assentamentos e as discórdias com Netanyahu não nos aproximaram da paz." / R.S.

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