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Síria quer mostrar poder

País disputa ?Guerra Fria? com Egito e Arábia Saudita

Por Gustavo Chacra e JERUSALÉM
Atualização:

A atuação da Síria no atual conflito é um mistério. De um lado, dizem que o regime do presidente Bashar Assad se esforça para mediar um cessar-fogo entre Hamas e Israel. De outro, acusam os sírios de manipular líderes do grupo palestino para que o conflito continue e sua aliança com o Irã saia vencedora na "Guerra Fria" que Teerã e Damasco travam contra o Egito e a Arábia Saudita. Assad deixou o ostracismo no ano passado, com o apoio do presidente francês, Nicolas Sarkozy, que considera a Síria fundamental para a resolução dos conflitos no Líbano, no Iraque e entre israelenses e palestinos. Para completar, o próximo presidente dos EUA, Barack Obama, disse estar disposto a dialogar com o regime sírio. Dando abrigo ao principal líder do Hamas, Khaled Meshal, todos sabem do poder de influência sírio sobre as ações do grupo islâmico em Gaza. Segundo uma análise publicada no diário israelense Haaretz, Assad teria agido para que o Hamas rejeitasse as propostas de trégua com o intuito de minar as iniciativas diplomáticas do Egito - impedindo que ele seja visto como vencedor. Em Beirute, figuras da chamada "coalizão 14 de Março", que se rebelou contra a influência síria no Líbano, afirmam que Damasco quer mostrar que ainda tem poder na região. Tem usado o Hamas e o grupo Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) - suspeito de ter disparado foguetes Katiusha contra Israel na quinta-feira, que destruíram um asilo no norte do país -, para aumentar o poder de barganha em uma provável negociação com Israel para a devolução das Colinas do Golan. A visão em Damasco é outra, ao menos oficialmente. Assad tem feito discursos pedindo o fim do bloqueio e dos ataques de Israel a Gaza. O analista político Sami Moubayed, baseado em Damasco, argumenta que a Arábia Saudita - aliado do Egito e dos EUA - tem agido para prejudicar as imagens da Síria e do Hezbollah na região, ambos próximos do Irã. O ataque de foguetes Katiusha teria sido realizado por um novo grupo islâmico, sunita, apoiado pelos sauditas, para rivalizar com o Hezbollah. O objetivo da ação seria culpar o grupo xiita e os sírios perante os olhos da comunidade internacional.

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