Situação em Bagdá é infernal, diz arcebispo católico

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Por Agencia Estado
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O arcebispo de Bagdá, Jean Benjamin Sleiman, disse que o "povo quer sair desta situação infernal o mais rápido possível", em referência à guerra iniciada pelos Estados Unidos contra o Iraque, na semana passada. Em conversa por telefone com o jornal italiano Repubblica, o religioso lembrou que "a guerra não é uma receita milagrosa" e disse que a ocupação norte-americana do Iraque "não resolverá sozinha todos os problemas". O monsenhor Sleiman, de 56 anos, nascido no Líbano, descreveu para o jornal italiano a ansiedade e a angústia com as quais o povo de Bagdá vive a guerra. "É difícil saber o que acontece em outros bairros", explica o arcebispo, em alusão à angústia sofrida pelos iraquianos durante os "terríveis bombardeios" de sexta-feira e sábado. Sleiman disse que, apesar de os bombardeios "terem como objetivo alvos precisos", não é garantido que alvos civis não serão atingidos. De acordo com o religioso, o sentimento generalizado entre os iraquianos é de "incerteza". "O povo não vê a hora de tudo isso acabar e poder sair dessa situação infernal", relatou o monsenhor Sleiman. O arcebispo de Bagdá enfatizou as palavras do papa João Paulo II, que definiu a guerra como "uma ameaça para a humanidade?. E acrescentou: "Muitas sociedades - não apenas a do Iraque - serão abaladas por este conflito, assim como já aconteceu com as relações internacionais." Em sua descrição da atual situação no Iraque, Sleiman comentou que vê por todos os lados "focos de incêndio que, se não forem apagados a tempo, provocarão danos". Na opinião do religioso, o Oriente Médio "sairá deste conflito ainda mais conturbado". Como exemplo, ele cita o Egito, "onde os sentimentos populares são diferentes da posição dos governantes". O arcebispo de Bagdá disse ainda estar convencido de que teria sido possível "obter mais avanços com paciência e diplomacia do que com a guerra". O monsenhor Sleiman declarou temer um "avanço do fundamentalismo islâmico". Veja o especial :

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