Snowden confirma pedido de asilo à Rússia por não poder deixar o país

Putin diz que ex-técnico da CIA não deve prejudicar interesses dos EUA se quiser ficar em Moscou

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Por Redação
Atualização:

MOSCOU - Edward Snowden confirmou nesta sexta-feira, 12, que pediu asilo político às autoridades russas porque não pode deixar o país e viajar para os países que lhe ofereceram asilo na América Latina. Esta foi a primeira vez que o ex-técnico da CIA apareceu diante das câmeras desde que chegou em Moscou.

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O anúncio foi feito durante um encontro com ativistas e representantes de organizações de direitos humanos no aeroporto de Sheremetyevo. Sem visto russo e sem passaporte válido, ele está retido na área de trânsito do local.

Snowden revelou o esquema de espionagem dos Estados Unidos a cidadãos americanos e estrangeiros ao tornar pública a existência de programas de vigilância até então desconhecidos do público. O ex-técnico da CIA se reuniu, no aeroporto, com ativistas e advogados da ONG Human Rights Watch.

O porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, disse que o ex-técnico da CIA não deve mais prejudicar os interesses dos EUA, ou as relações entre os dois países, caso queira permanecer em Moscou. Dmitry Peskov disse não estar informado sobre algum pedido de asilo formal feito por Snowden. No entanto, segundo a Reuters, uma autoridade russa, que falou sob a condição de anonimato, confirmou a solicitação.

Os EUA querem que Snowden seja entregue para responder judicialmente por acusações de violação da segurança nacional americana. Washington ameaça impor retaliações a qualquer país que conceder asilo ao ex-técnico da CIA. "Nas últimas semanas, temos testemunhado uma campanha ilegal por parte de autoridades do governo dos EUA para me negar o direito de solicitar e desfrutar desse asilo conforme o artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos do Homem", escreveu Snowden em uma carta divulgada via Facebook por Tanya Loshina, da Human Rights Watch.

Avião boliviano. Sobre a retenção do avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, em território europeu na semana passada, por suspeita de que Snowden estivesse a bordo, o ex-técnico da CIA afirmou que foi uma "ameaça ao direito de viver livre de perseguições".

"Nunca antes na história, Estados conspiraram para obrigar o avião soberano de um presidente a pousar a fim de efetuar a busca por um refugiado político", escreveu Snowden. "Essa perigosa escalada representa uma ameaça não só à dignidade da América Latina ou à minha segurança pessoal, mas também ao direito básico partilhado por cada pessoa viva, de viver livre de perseguições."/ REUTERS e DOW JONES

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