30 de agosto de 2009 | 17h27
O líder espiritual tibetano dalai-lama desembarcou em Taiwan neste domingo para uma visita de cinco dias que causou protestos do governo da China.
O governo de Pequim considera o religioso que vive exilado na Índia um líder separatista que busca a independência do Tibete.
O motivo oficial da visita do religioso à ilha, no entanto, é de dar conforto espiritual às vítimas do tufão Morakot, que atingiu Taiwan no início deste mês e deixou ao menos 571 mortos e outros 10 mil desabrigado.
Vencedor do prêmio Nobel da Paz em 1989, o líder tibetano foi convidado por partidos de oposição para visitar Taiwan.
A visita foi aprovada pelo presidente Ma Ying-Jeou após seu governo ter sido acusado de não ter agido de maneira rápida para auxiliar as vítimas do tufão, o maior registrado em Taiwan nos últimos 50 anos.
Após o tufão, o presidente viu seus índices de aprovação caírem para apenas 20%, um recorde negativo.
Política
Logo após desembarcar em Taipé, o dalai-lama negou que sua visita tenha qualquer caráter político.
"Minha visita não é de natureza política. Às vezes, eu tenho alguma agenda política em alguns lugares que visito. Desta vez, não há política, só (motivos) espirituais e humanitários", disse o líder budista.
O governo chinês, no entanto, reiterou, por meio de um comunicado divulgado no domingo, sua "oposição" à visita do dalai-lama a Taiwan.
"Nós nos opomos (à visita) e nossa posição é firme e clara", afirmou um porta-voz do Conselho de Estado para Assuntos de Taiwan, de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua.
"A visita do dalai-lama pode ter influências negativas nas relações entre China e Taiwan. Nós acompanharemos de perto a situação", diz o comunicado.
As questões do Tibete e de Taiwan são particularmente sensíveis para o governo chinês, que considera os dois lugares como parte de seu território.
Segundo a correspondente da BBC em Taipé, Cindy Sui, apesar de ter aprovado a visita do líder tibetano, o presidente Ma Ying-Jeou já anunciou que não irá se reunir com ele, em uma medida que pode sinalizar uma tentativa de aproximação econômica com a China, o maior parceiro comercial de Taiwan.
Visita
Após desembarcar em Taipé, o dalai-lama seguiu diretamente para o sul da ilha, área mais atingida pelo tufão.
Na segunda-feira, ele deve visitar o vilarejo de Hsiaolin, um dos mais atingido e onde pelo menos 500 pessoas foram soterradas por deslizamentos de terra.
As críticas à sua visita, no entanto, fizeram com que ele cancelasse uma entrevista coletiva que estava programada anteriormente. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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