Sob críticas, Trump cria parada militar com viés político em festa do 4 de Julho

Para ocupar as arquibancadas montadas na capital, Casa Branca convidou doadores de campanha e aliados; opositores questionam custos da celebração e estragos causados pela passagem de tanques e blindados nas ruas de Washington

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Por Redação
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WASHINGTON - Tradicionalmente sem conotação política, celebrado com fogos de artifício e banda marcial, o Dia da Independência dos EUA ganhou nesta quinta-feira, 4, uma versão atípica, com discurso do presidente Donald Trump – oficialmente em campanha pela reeleição –, tanques, caças e soldados marchando em Washington.

Diante de uma plateia de bonés vermelhos e roupas com as cores da bandeira americana, Trump narrou a exibição aérea de caças, helicópteros e até do Air Force One, intercalando com histórias que enalteciam os feitos militares em batalhas. Antes, ele apresentou histórias de civis que fizeram algo importante na medicina, nos direitos civis, entre outras áreas, além de citar nomes como Martin Luther King e Abraham Lincoln

Trump, Melania e membros do governo americano assistem à apresentação do esquadrão Blue Angels Foto: Susan Walsh/AP

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A chuva típica para essa época em Washington não impediu o presidente de discursar na festa nacionalista, chamada por ele de “Saudação à América”. “Para os americanos, nada é impossível”, disse Trump, lembrando que há 50 anos um americano havia chegado à Lua. “Muito em breve, vamos colocar uma bandeira dos EUA em Marte.” 

Preparada para ser uma grande exibição, como as paradas militares de China, Irã e Coreia do Norte, o evento esbarrou nas críticas de opositores e fontes militares. A ideia surgiu quando o presidente assistiu ao desfile da Queda da Bastilha, a convite do presidente francês, Emmanuel Macron, no ano passado. 

Exibição aérea do 4 de Julho em Washington Foto: Stephanie Keith/Getty Images/AFP

Nos últimos dias, funcionários do governo correram para entregar convites e convencer aliados a participar do evento para evitar espaços vazios como na posse, em 2017. Áreas vips do evento foram reservadas para doadores e convidados do Partido Republicano. 

O trajeto da parada militar incluiu o Memorial a Lincoln, onde o presidente discursou. Normalmente, as paradas anuais com bandas marciais não passam pelo local. Dentro de uma estrutura fechada, uma parte dos convidados pôde observar tanques Abrams pela primeira vez na capital desde os anos 50. 

Os tanques ficam no Fort Stewart, na Geórgia, e foram transportados por linha férrea, no fim de semana. Críticos estavam prontos para cobrar os estragos causados às ruas de Washington pela passagem de veículos pesados e o dinheiro gasto com os voos rasantes de jatos F-35 e do esquadrão Blue Angels, da Marinha americana. 

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O governo não revelou quanto custou a exibição, mas jornais fizeram estimativas. De acordo com o Washington Post, US$ 2,5 milhões do Serviço Nacional de Parques foram usados para cobrir parte dos gastos. O dinheiro, que é arrecadado com as entradas e taxas recreativas, normalmente serve para manter parques pelo país. 

Na quarta-feira, Trump afirmou que o “pequeno custo da parada não era nada comparado ao seu valor”. Ele também argumentou que o Exército já é dono de todo o equipamento exibido, e era preciso apenas o combustível. 

No entanto, um especialista afirmou à rádio NPR que apenas para colocar em operação todo esse equipamento seriam necessários milhares de dólares. Como exemplo, uma hora de voo do Air Force One custa US$ 205 mil. O voo de um caça F-35 é estimado em US$ 20 mil. Apenas o deslocamento dos tanques tiveram um custo preliminar de US$ 870 mil. / W. POST e NYT

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