Sob observação, Síria acusa 'rebeldes' por violações sistemáticas da trégua

Secretário da ONU deve pedir hoje ao Conselho de Segurança o fornecimento de aviões e helicópteros para os monitores e o aumento do número de observadores

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Por Lourival Sant'Anna e O Estado de S. Paulo
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DAMASCO - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que proporá hoje ao Conselho de Segurança o fornecimento de aviões e helicópteros, já pedidos à União Europeia, para os observadores na Síria. Ban avaliou também que os 250 militares previstos inicialmente para monitorar o cessar-fogo podem não ser suficientes "considerando a situação atual e a vastidão do país". O governo sírio denuncia violações sistemáticas da trégua pelos rebeldes.A resolução aprovada no sábado autorizou um primeiro contingente de 30 militares do Departamento de Operações de Manutenção da Paz da ONU. Sua ampliação deve ser aprovada ainda esta semana. A equipe avançada de cinco observadores, que chegou a Damasco no domingo, deve enviar hoje o seu primeiro relatório ao CS. Eles estiveram ontem em Deraa, a 100 km de Damasco, onde a revolta começou, em março de 2011. O capitão de mar e guerra brasileiro Alexandre Feitosa, um dos cinco membros da equipe, disse ao Estado que os observadores não presenciaram confrontos, mas que o governador de Deraa, Mohamed Khaled al-Hanous, fez um relato de incidentes envolvendo tiros e atentados a bomba, por parte dos rebeldes. Militares da província ofereceram à missão a possibilidade de montar uma base de operações lá. "Fomos muito bem recebidos", disse Feitosa, responsável pelo planejamento da segurança da missão. "As reuniões estão nos propiciando a visão de que vamos conseguir empreender nossas tarefas. Estamos contentes." A agência oficial Sana noticiou que "um grupo terrorista armado" invadiu a casa de Rami Sirani, um militar do Exército na região de Ghabaghib, em Deraa, e abriu fogo, matando seu cunhado. Os observadores pediram acesso a Douma, 26 km a nordeste de Damasco, Homs e Hama, no centro-oeste do país."Vamos passo a passo", disse Feitosa. "Se amanhã não pudermos ir a Homs, iremos um outro dia."A cidade é um dos principais cenários dos confrontos, mesmo depois do cessar-fogo, que entrou em vigor na quinta-feira.Além de Feitosa, que pertence ao Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha brasileira, fazem parte do grupo um argentino, um marroquino, um finlandês e um belga, todos com patentes equivalentes a coronel ou tenente-coronel. Outros 25 já começaram a chegar: um major suíço na segunda-feira e um russo e um norueguês ontem.De acordo com o Observatório de Direitos Humanos, com base em Londres, disparos de tanques em Busra al-Harir, reduto do Exército Sírio Livre a 70 km de Damasco, mataram duas pessoas. O ativista Adel al-Omari disse que a cidade e a zona rural de Lajat estão sob intenso bombardeio desde o meio-dia de segunda-feira. Muitos moradores fugiram para a Jordânia.Um vídeo amador divulgado ontem mostra granadas de morteiros caindo em Homs em intervalos de apenas alguns segundos e fumaça cobrindo várias áreas da cidade. Tanques e canhões também foram disparados contra os bairros de Khaldiya e Bayada, numa aparente tentativa de tomar o controle das áreas ocupadas pelos rebeldes, segundo a Associated Press.Outro vídeo mostra o corpo de um ativista numa rua coberta de escombros, no bairro de Bab Drei. Um narrador afirma que o corpo não pôde ser recolhido durante dias por causa da ação de franco-atiradores.

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