Sob protestos, Bush se reúne com presidente uruguaio

Bush chegou na sexta a Montevidéu, onde foi recebido com cartazes de ´fora´ e ´assassino´; Vázquez espera assinar um Tratado de Livre-Comércio com os EUA

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, chegou na última sexta-feira, 9, a Montevidéu na segunda etapa de uma viagem por cinco países da América Latina. Neste sábado, 10, ele se reúne com o líder uruguaio, Tabaré Vázquez, no departamento de Colonia, a 180 quilômetros a oeste de Montevidéu. Bush, que permanecerá no Uruguai até domingo de manhã, chegou às 21h30 (20h30 de Brasília) ao aeroporto de Carrasco, em Montevidéu, onde foi recebido pelo chanceler uruguaio, Reinaldo Gargano. Vázquez tem sugerido a possibilidade de assinar um Tratado de Livre-Comércio com os EUA para melhorar a economia local, o que irritou seus sócios no bloco Mercosul, integrado também por Argentina, Brasil, Paraguai e Venezuela. Depois de presenciar protestos durante sua visita ao Brasil, o presidente americano chegou ao Uruguai sob atos de manifesto contra a visita. Na segunda Bush viaja para a Colômbia e logo em seguida para a Guatemala, na América Central. De lá, o presidente americano segue para o México. Protestos Na sexta-feira, milhares de uruguaios saíram às ruas com cartazes que diziam "Danger, Bush is here" (Perigo, Bush está aqui), bandeiras com o rosto do líder guerrilheiro Ernesto Che Guevara e bonecos do presidente dos Estados Unidos, para criticar a visita de Bush. Dezenas de manifestantes encapuzados quebraram vidros de duas lojas do McDonald´s e também de uma igreja na principal avenida da capital, além de atacarem jornalistas e picharem a frase "Morte ao capital" numa agência do banco ABN-Amro. "Embora o governo o receba com os braços abertos, é preciso deixar claro que o povo uruguaio rejeita o líder americano. Aqui os assassinos não têm que ser bem-vindos", disse Alejandro Piriz, de 72 anos, que participava do protesto de grupos radicais. Aos gritos de "Cuba sim, ianques não" cerca de quatro mil pessoas protestaram em outro ato convocado pelo sindicato único de trabalhadores em Montevidéu. Com bandeiras nas cores vermelho, azul e branco do partido do governo, o esquerdista Frente Amplio, milhares de pessoas gritaram "Fora Bush", "Bush assassino" e cantaram lendárias canções características da resistência ao governo militar. Os protestos em Montevidéu somaram-se ao ato "anti-Bush" que o presidente venezuelano Hugo Chávez encabeçava na Argentina. Chávez Assim como a população dos países por onde o americano passará, os Argentinos também fizeram um enorme protesto contra Bush. O presidente venezuelano Hugo Chávez liderou um protesto contra Bush em Buenos Aires, na sexta. "Esse pequeno cavalheiro imperial do norte deve estar do outro lado do rio (da Prata) agora. Vamos dar uma grande vaia para ele: gringo vá para casa", disse Chávez a milhares de pessoas reunidas num estádio de futebol em Buenos Aires, incitando-as a gritar "Gringo go home". Entretanto, Bush tenta, em vão, ignorá-lo. Em entrevista coletiva em São Paulo, na sexta-feira, junto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bush negou-se a responder aos ataques de Chávez e não quis mencionar o nome do venezuelano, concentrando-se no que ele chama de comprometimento dos EUA na luta contra a pobreza na região. "O objetivo desta viagem é lembrar as pessoas dos laços que nos unem, e da importância desta região para o futuro dos Estados Unidos", disse Bush, que tenta reverter a idéia de que os EUA estão negligenciando a América Latina. "Estou muito contente de estar aqui". O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, acusou os repórteres de tentarem transformar a visita de Bush em uma notícia sobre Chávez. "Ele não veio aqui para tratar de países que não visitará", disse Snow. O Mercosul proíbe acordos de comércio bilaterais, que minam o poder do bloco de negociar como um todo. Matéria ampliada às 10h50 para acréscimo de informações

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.