Sob tensão, moradores de Paris mudam rotina e não escondem medo
Os principais símbolos da cidade foram fechados e o Exército patrulha as principais avenidas
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Por Andrei Netto , CORRESPONDENTE , PARIS , Jamil Chade e PARIS
Atualização:
O segundo atentado terrorista em menos de um ano em Paris teve um impacto profundo no comportamento da sociedade. Tensão entre moradores, medo, ruas com um movimento abaixo da média, os principais símbolos da cidade fechados e o Exército nas principais avenidas. Um cenário pouco comum para uma das capitais do mundo.
Se num primeiro momento, o ataque contra o jornal satírico Charles Hebdo recebeu como resposta uma reação de força da população, com milhões ocupando praças e ruas em protesto, a morte de mais de 120 pessoas agora teve um impacto diferente. A possibilidade de que alguns dos terroristas ainda estivessem foragidos e o temor de represálias afastou a população de sua rotina.
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
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Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Policias e serviço de emergência trabalham perto da Place de la Republique Foto: AFP PHOTO / DOMINIQUE FAGET
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Policiais italianos guardam a embaixada francesa em Roma, depois que ataques em Paris deixaram pelo menos 60 mortos Foto: EFE/EPA/CLAUDIO PERI
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Em uma noite de pânico e terror, ao menos três atentados simultâneos atingiram nesta sexta-feira, 13, pontos distintos de Paris e deixaram pelo menos ... Foto: Mais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Equipe de resgate ajuda uma pessoa ferida próximo ao Bataclan Concert Hall, na região central de Paris, um dos alvos dos atentados Foto: AFP PHOTO / DOMINIQUE FAGET
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Os alvos foram um restaurante, uma casa de shows e o Stade de France, palco da final da Copa de 1998. A polícia antiterrrorista francesa assumiu as in... Foto: REUTERS/Christian HartmannMais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
O presidente francês, François Hollande, que assistia no estádio ao amistoso entre França e Alemanha, deixou a partida às pressas e passou a noite no ... Foto: AFPMais
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Ao menos dois brasileiros ficaram feridos nos ataques, segundo a embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis. Os dois passaram por cirurgia, já foram id... Foto: AFPMais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
O primeiro ataque foi registrado no restaurante Le Petit Camboje, de culinária cambojana, no 11º distrito da cidade. Um atirador armado com uma AK-47 ... Foto: REUTERS/Christian HartmannMais
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No Bataclan, uma casa de shows a pouco mais de 1 km do local do primeiro ataque, homens armados matarem pelo menos cempessoasque assistiam ao show da ... Foto: AFP PHOTO / FRANCK FIFEMais
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Em uma noite de pânico e terror, ao menos três atentados simultâneos atingiram nesta sexta-feira, 13, pontos distintos de Paris e deixaram pelo menos ... Foto: REUTERS/Gonazlo FuentesMais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Polícia acompanha torcedores que saiam do Stade de France, onde explosivos foram detonados durante o amistosoentre França e Alemanha, em Paris Foto: REUTERS/Gonazlo Fuentes
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Os alvos foram um restaurante, uma casa de shows e o Stade de France, palco da final da Copa de 1998. A polícia antiterrrorista francesa assumiu as in... Foto: REUTERS/Benoit TessierMais
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Policia checa identidade de homem próximo aoBataclan Concert Hallminutos depois dosataques coordenados que atingiram Paris nesta sexta-feira, 13 Foto: REUTERS/Christian Hartmann
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Especialistas forenses inspecionam um restaurante ao lado do Stade de France, um dos alvos dos ataques coordenados que atingiram Paris nesta sexta-fei... Foto: AFP PHOTO / FRANCK FIFEMais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Segundo a agência France Presse, que cita a polícia de Paris, só no Bataclan são cerca de 100 mortos Foto: REUTERS/Christian Hartmann
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Especialistas forenses inspecionam um restaurante ao lado do Stade de France, um dos alvos dos ataques coordenados que atingiram Paris nesta sexta-fei... Foto: AFP PHOTO / FRANCK FIFEMais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
No Stade de France, onde duas explosões foram ouvidas no fim do primeiro tempo do amistoso, os acessos ao estádio foram fechados. A partida terminou c... Foto: AP Photo/Christophe EnaMais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
No Stade de France, onde duas explosões foram ouvidas no fim do primeiro tempo do amistoso, os acessos ao estádio foram fechados. A partida terminou c... Foto: AP Photo/Christophe Ena)Mais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
A emissora de televisão France 24 citou relatos da polícia de que cerca de 100 pessoas morreram dentro da casa de shows Bataclan em Paris Foto: AFP PHOTO / DOMINIQUE FAGET
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Em uma noite de pânico e terror, ao menos três atentados simultâneos atingiram nesta sexta-feira, 13, pontos distintos de Paris e deixaram pelo menos ... Foto: REUTERS/Philippe WojazerMais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Os alvos foram um restaurante, uma casa de shows e o Stade de France, palco da final da Copa de 1998. A polícia antiterrrorista francesa assumiu as in... Foto: REUTERS/Christian Hartmann Mais
Múltiplos ataques deixam feridos e mortos na França
Segundo o vice-prefeito de Paris são 118 mortos nos ataques dessa sexta-feira Foto: AP Photo/Michel Euler
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Os alvos foram um restaurante, uma casa de shows e o Stade de France, palco da final da Copa de 1998. A polícia antiterrrorista francesa assumiu as in... Foto: REUTERS/Christian HartmannMais
Ataque em Paris
Policiais na cena do ataque em Paris Foto: EFE/EPA/YOAN VALAT
Ataque em Paris
Policial na cena de um dos ataques em Paris Foto: EFE/EPA/YOAN VALAT
Ataque em Paris
Resgate e médicos socorrem vítimas em um restaurante em Paris Foto: AP Photo/Thibault Camus
Ataque em Paris
Corpos de vítimas em rua de Paris em frente ao restaurante em Paris Foto: AP Photo/Thibault Camus
Ataque em Paris
Forças de segurança em Rue Bichat, em Paris Foto: AFP PHOTO / KENZO TRIBOUILLARD
Atentado em Paris
Equipes de resgate atendem vítimas de tiroteio em restaurante de Paris Foto: Thibault Camus /AP
One World Trade Center
Em Nova York, o One World Trade Center foi iluminado nas cores da bandeira da França em homenagem às vítimas dos ataques de sexta-feira, 13 Foto: AP Photo/Kevin Hagen
Senado, Cidade do México, México Foto: REUTERS/Tomas Bravo
O Anjo da Independência
O Anjo da Independência, Cidade do México, México Foto: REUTERS/Tomas Bravo
Prefeitura de São Francisco
Prefeitura de São Francisco, EUA Foto: REUTERS/Stephen Lam
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Alguns dos principais centros comerciais mantiveram suas portas fechadas, enquanto a Torre Eiffel era protegida por um forte esquema de segurança. A Disneyland, no norte de Paris, escolas e todos os eventos esportivos foram fechados. Nos locais dos atentados terroristas no 10o e 11o distritos de Paris, a polícia levantou parcialmente os cercos que haviam sido montados desde os primeiros minutos após os ataques.
Há um forte esquema de segurança também nos hospitais. No Bichat, onde está internado um dos brasileiros feridos, policais armados revistam até mesmo as ambulâncias, que são todas abertas e verificadas. Médicos e pacientes também são submetidos aos controles de segurança.
Na região da casa de show Bataclan, onde mais de 70 pessoas morreram, um perímetro de cerca de 50 metros de isolamento foi mantido, para permitir o trabalho dos investidores e peritos e impedir a aproximação de curiosos. Nas imediações, os traços da violência, como manchas de sangue, ainda podiam ser vistos.
Em torno da Rue Bichat, onde se situam os restaurantes Le Petit Cambodge e Le Carrillo, local em que 12 pessoas morreram, parisienses e estrangeiros se alternaram depositando flores nas fachadas crivadas de balas dos imóveis e nas calçadas, ainda muito marcadas pelo sangue.
"A minha rua está um desastre", afirmou o administrador de empresas Jean-Baptiste Bouvier, morador da Rue Bichat que chegou a sua casa cinco minutos antes dos ataques. "Diga ao Brasil que não temos medo eisso só reforça a nossa determinação em reformar este país."
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Em outro ponto do mesmo distrito, na Rue de la Fonteine au Roi, as fachadas de vidro perfuradas de balas de dois restaurantes e de uma lavanderia atestavam a violência dos acontecimentos.
Onze estações de metrô da região foram fechadas, assim como o comércio e instituições de ensino públicas e privadas.“Estamos todos tensos, sem saber se devemos ou não sair às ruas”, disse a acreana Daniela Zanin, que há seis meses chegou a Paris para estudar francês.
“O que impressionou muita gente é que os mortos são jovens que apenas tinham saído numa noite de sexta-feira para se divertir, jantar fora ou ver uma partida de futebol”, disse Louis, um universitário que insistiu que tentaria ter uma “vida normal”. “O curioso é que, entre os amigos, estamos agora sempre nos mandando mensagens e telefonando para saber se está tudo bem”, contou.
Um asilado político argelino, Rachid Hussein, colocou a bandeira francesa em seu carro e colocou uma gravata nas cores da França. “Viemos aqui nos anos 90 e já alertávamos as autoridades francesas sobre essas pessoas radicais. Hoje tem mais radicais aqui que na Argélia”, disse. “Temos de continuar a viver. Caso contrários, eles terão vencidos”, afirmou.
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A tensão era palpável também no aeroporto Charles de Gaulle, em alerta máximo. Com segurança reforçada, o controle de passaportes para quem chega passou a levar um tempo bem superior à média.
Pelo local, homens armados e dezenas de policiais a paisana percorriam os corredores, salas de embarque e mesmo a pista de decolagem. “Somos muitos hoje aqui”, confirmou ao Estado um dos policiais, sem querer informar o número de seguranças enviados ao local e nem seu nome.
Enquanto aguardava para recuperar sua mala, uma senhora comentava com um grupo de amigos os acontecimentos da sexta-feira, enquanto já dava sua receita. “Eles têm de expulsar toda essa gente”, insistia, enquanto outro alertava que o problema era que alguns deles são “tão franceses como nós”.
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Vinda de Beirute, a engenheira física Maciel Daoud questionava a reportagem se novos ataques poderiam ocorrer. “Eu me sinto hoje mais protegida no Líbano do que em Paris”, disse. “Em Beirute, eu sei onde eu não posso ir. Em Paris, essa fronteira parece que já não existe”.