Sob Trump, deportações de imigrantes caem e prisões aumentam nos EUA

Além da diminuição na chegada de ilegais , maior proteção legal aos que estão no país congestiona julgamentos de expulsões de não documentados

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WASHINGTON -  Apesar da promessa do presidente americano, Donald Trump, de endurecer a política de imigração nos Estados Unidos, o país deportará  12,8% menos imigrantes em 2017 que em 2016. Apesar disso, o número de prisões de imigrantes na gestão Trump aumentou 43% em relação ao último ano do governo Barack Obama. 

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A Agência de Imigração e Aduanas (ICE, na sigla em inglês) tem prendido mais imigrantes com ficha criminal – os bad hombres – como classificou Trump durante a campanha. No entanto, a porcentagem que mais tem a crescido este ano é a detenção de estrangeiros sem problema algum com a Justiça. 

Trump anunciou em setembro o fim do programa promovido pelo ex-presidente Barack Obama, conhecido como Daca Foto: REUTERS/ Kyle Grillot

Há diversos fatores que explicam porque as deportações caíram e as prisões aumentaram, segundo especialistas em imigração, deputados e membros da ICE. 

A primeira  delas é que o número de imigrantes que tentam entrar nos Estados Unidos caiu dramaticamente após a posse de Trump, o que contribuiu para a queda na apreensão de imigrantes recém-chegados, relativamente mais fáceis de identificar. 

Ao mesmo tempo, a antipatia de setores da sociedade americana com a política migratória do presidnente aumentou a capacidade de ação de grupos de defesa dos direitos dos imigrantes, que têm arrecadado mais dinheiro, e de escritórios de advocacia que os defendem na Justiça. 

Assim, a combinação do aumento das prisões e de mais recursos contra as deportações saturou o a Justiça federal americana em casos sobre imigrações, que têm na fila mais de 600 mil casos para julgar. Os processos abertos no governo Trump podem demorar anos até serem definidos. 

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“Só conseguimos defender uma pequena porção de imigrantes que precisam de advogados, mas o apoio a eles têm crescido muito no país”, disse Dan Werner, diretor da Southeast Immigrant Freedom Initiative.

As deportações da ICE chegaram a um teto histórico de 410 mil pessoas em 2012, quando o então presidente Barack Obama ganhou o apelido de “deportador em chefe” por expulsar milhares de imigantes dos Estados Unidos. Nos anos seguintes, os agentes da ICE foram instruídos a priorizar imigrantes com ficha criminal e pessoas que tentavam cruzar a fronteira. 

Neste ano, as tentativas de travessia estão abaixo da média histórica e especialistas dizem que a percepção de uma política migratória mais dura tem sido um fator inibidor. 

Agentes da ICE dizem que continuarão a priorizar criminosos, mas as novas ordens da gestão Trump deixam claro que qualquer imigrante não documentado está sujeito à deportação. 

Outro fator que tem dificultado as expulsões é a ação das chamadas cidades-santuário, que não tem colaborado com as ações do ICE. A agência tem que organizar as próprias batidas nesses locais, que se tornam caras e muitas vezes ineficazes. / WASHINGTON POST

A Dapa teria beneficiado, segundo algumas estimativas, quase quatro milhões de pessoas - aquelas com filhos nascidos nos EUA que estavam no país antes de 2010 Foto: AFP PHOTO / GUILLERMO ARIAS
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