Sobe para 56 o número de mortos em desabamento de mercado em Moscou

Autoridades investigam três possíveis causas par ao acidente: exploração inadequada do imóvel, peso da neve sobre o telhado e erros no projeto arquitetônico

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O número de mortos no desabamento do teto do mercado Bauman em Moscou, nesta quinta-feira, subiu para 56, disse a porta-voz do Ministério para Situações de Emergência russo, Natalya Lukash. O número de feridos também aumentou: de 29, da contagem inicial, subiu para 32. Acredita-se que todas as vítimas são trabalhadores do Azerbaijão e de outras ex-repúblicas soviéticas - pessoas que migraram para a capital russa para trabalhar em empregos pouco remunerados, como os oferecidos no mercado Bauman. O procurador de Moscou, Anatoli Zúyev, disse que estão sendo analisadas três hipóteses para as causas do desmoronamento: exploração inadequada do imóvel, peso da neve e erros no projeto do edifício. A agência de notícias RIA-Novosti afirmou que promotores abriram uma investigação criminal por negligência seguida de morte. Um dos sobreviventes, Ukhtai Salmanov, vendedor de ervas de 52 anos, disse que saiu do mercado momentos antes de o teto desabar, às 5 horas (0h de Brasília). "Ouvi um estrondo e desmaiei. Quando acordei, eu estava caído na entrada do mercado. Havia fumaça e pessoas berrando." Chorando muito, Salmanov afirmou que suas três irmãs, que também trabalhavam no mercado, morreram. "Não dava para salvá-las, pois havia muito entulho me separando de onde elas estavam", disse ele, com suas roupas cobertas de poeira. Junto ao local do acidente foram instalados vários focos de luz para que as equipes de socorro, algumas com cães farejadores, possam trabalhar durante toda a noite. Choros e gritos saiam do amontoado de parentes reunidos perto do local onde membros das equipes de emergência liam os nomes dos hospitalizados. Uma mulher foi retirada do local, gemendo e chorando, após ouvir que seu irmão havia morrido. Médicos tentaram ajudar um homem preso sob um pedaço grande de concreto injetando analgésicos em uma veia de sua mão, única parte do corpo visível. Aquecedores foram levados para soprar ar quente nos entulhos e evitar que os soterrados morram congelados pela temperatura baixíssima (próxima do zero grau). Alguns sobreviventes presos sob o entulho ligaram para seus parentes usando celulares, o que ajudou as equipes de resgate. No entanto, horas se passaram durante a tarde sem nenhum resgate, afirmou o representante do Ministério para Situações de Emergência, Yuri Akimov. No meio da tarde, as equipes de emergência tiveram que mudar suas atenções para combater um inesperado incêndio no edifício, que levou fumaça para dentro dos escombros. No entanto, a fumaça não ameaça a saúde de ninguém preso nos escombro, disse Viktor Beltsov, porta-voz do Ministério para Situações de Emergência. Ele declarou, também, que as equipes de resgate continuarão com os trabalhos de remoção de escombros "enquanto houver a mais remota possibilidade de encontrar alguém com vida". As equipes usaram cortadores de metal, guindastes hidráulicos e enxadas para retirar parte do entulho e abrir buracos de onde gritavam à procura de sobreviventes. Funcionários das equipes de emergência disseram que é impossível saber quantas pessoas estavam no mercado quando o teto ruiu, mas sobreviventes e testemunhas disseram que havia 100 pessoas ou mais. Bauman é um dos maiores mercados atacadistas e de varejo de Moscou. O edifício, construído nos anos 70, foi desenhado pelo arquiteto Nodar Kancheli, que atualmente está sendo processado por sua suposta responsabilidade no desmoronamento do telhado do parque aquático moscovita "Transvaal Park", em 2004, que causou 28 mortes e deixou 200 feridos. Ele foi ao mercado após o desmoronamento e, mais tarde, foi interrogado por investigadores. Em entrevista à agência Interfax, Kancheli disse que o telhado do mercado era formado por uma camada de concreto sem apoios, sustentada por um sistema de cabos de aço. "O mercado foi construído há muitos anos e as organizações que o administram tinham de ter revisado o estado dos cabos", ressaltou o arquiteto. Kancheli acrescentou que, no mercado, havia sido levantada uma galeria de quiosques que não estava prevista no projeto original e que ninguém sabe que sobrecarga representava para a estrutura do edifício.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.