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Sobe para 8 os mortos no ataque em Gaza

Por Agencia Estado
Atualização:

Oito palestinos, entre eles quatro crianças, foram assassinados nesta quinta-feira durante ofensiva israelense contra Gaza em resposta a um ataque com granadas contra um posto militar do Estado judeu em Rafah. Os feridos - aproximadamente 40 - estão internados no Hospital de Rafah, alguns deles em estado crítico, relatou o diretor da equipe médica, Ali Musa. De acordo com ele, o número de mortos deverá aumentar nas próximas horas, pois há um número considerável de feridos com risco de morte. Durante a tarde chegou a informação da morte de um palestino de 55 anos ferido ontem junto a outros 15 manifestantes e cinco soldados israelenses nos violentos confrontos ocorridos em Rafah. A Autoridade Nacional Palestina (ANP) acusou o Exército israelense de ter perpetrado "um massacre" durante a retaliação de hoje e pediu o envio de "observadores internacionais para deter a agressão israelense contra o povo palestino". Segundo a reconstituição dos fatos, um grupo armado das Brigadas Abu Rish lançou, ao meio-dia (horário local), duas granadas antitanque contra uma torre de vigilância militar em construção junto ao posto Termit do Exército israelense na fronteira entre Israel e Egito. A reação violenta não demorou. Tanques Merkawa posicionaram-se perto do muro do campo de refugiados de Rafah e dispararam pelo menos cinco vezes, atingindo uma residência civil e uma escola da UNRWA, a agência da ONU para os refugiados palestinos. Como conseqüência disto, mais uma vez as esperanças de negociações de paz se viram frustradas pelo que muitos observadores não vacilam em definir como uma reação excessiva e desproporcional do Exército de Israel. As vozes dos ministros israelense, Shimon Peres, e palestino, Saeb Erekat, que se haviam encontrado poucas horas antes, foram imediatamente caladas pelos tiros dos canhões. Ao mesmo tempo, as reuniões de hoje para a constituição de um novo governo palestino entre Yasser Arafat e dirigentes políticos foram interrompidas durante algumas horas em Ramallah devido às notícias que chegavam dos bombardeios contra Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza. De qualquer forma, ainda é iminente o anúncio da formação do novo governo, que poderia ocorrer entre amanhã e sábado, disseram fontes palestinas. Segundo relatos, a reação israelense foi direcionada contra alvos civis como represália contra uma operação de guerrilha realizada contra uma instalação militar. O ataque de hoje contra a instalação israelense de Termit foi perpetrado por integrantes das Brigadas Abu Rish. O grupo é formado por milicianos ligados à Fatah, movimento político de Arafat. Segundo outros grupos que operam em Gaza, as brigadas gozam de total liberdade de movimento. O Exército israelense qualificou as vítimas de hoje - entre as quais havia quatro crianças mortas - como "palestinos armados" e alegou que "os terroristas de Rafah operam mesclando-se com as pessoas comuns." Um informe divulgado hoje pela Anistia Internacional indica que, com as mortes de hoje, mais de 250 crianças palestinas e 72 israelenses já perderam a vida desde o início da atual intifada, em 28 de setembro de 2000, quando o hoje primeiro-ministro de Israel Ariel Sharon fez uma visita à Esplanada das Mesquitas - um local de Jerusalém sagrado para judeus e muçulmanos - com o objetivo de reivindicar a soberania israelense sobre o local.

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