Sobreviventes deitaram no chão e tentaram se abrigar em banheiro

Jovens descrevem momentos de tensão desde a entrada do atirador no local até a chegada dos policiais

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Por Redação
Atualização:

As pessoas estavam terminando os drinques e acertando caronas para ir para casa. Eram centenas de jovens que participavam da noite latina, com música de salsa e merengue. Às 2h, a animada festa da Pulse, uma das mais populares casas noturnas LGBT do centro da Flórida, chegava ao fim.

“De repente, começou um barulho como de fogos de artifício”, disse o DJ Ray Rivera. “Abaixei o som. O ruído parou por um segundo e recomeçou. Desliguei a música. Todo mundo já corria para tentar sair.”

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Um atirador disparava com um fuzil, derrubando frequentadores em pânico que procuravam saídas, tentavam se esconder ou se jogavam no chão. Testemunhas disseram que as pessoas passavam por cima de vivos e mortos na luta para sobreviver. “Era o caos”, disse Rivera.

Como estava perto de uma das saídas, o DJ foi um dos sobreviventes, mas 50 não saíram vivos do local. Quando começaram os tiros, a Pulse postou em sua conta no Facebook: “Saiam todos e corram”. O atirador foi identificado como Omar Mateen, de 29 anos. “Parecia bem preparado e organizado”, disse o chefe de polícia de Orlando, John Mina. 

A boate tem dois salões principais, um para performances de drag queens e shows e outro para dançar. “É um lugar muito pequeno”, disse Choy. “Isso me preocupava. Num incidente como o tiroteio, não há para onde correr.” 

Jon Alamo estava na parte de trás do clube quando Mateen apareceu. “Aí escutei 20, 40, 50 tiros. A música parou.”Christopher Hansen, frequentador, disse que quando os tiros começaram jogou-se no chão e conseguiu fugir. “Quando saía, havia sangue por todo lado. Alguém estava caído em meu caminho, não sabia se vivo ou morto. Tirei a bandana da cabeça e enfiei no buraco de bala que ele tinha nas costas.”

Ele contou que mesmo depois de todos saírem, os tiros continuaram. “Policiais gritavam ‘vai, vai, limpem a área’”. Segundo as autoridades, um policial que trabalhava na boate trocou tiros com Mateen. 

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Quando as notícias se espalharam, amigos e parentes de frequentadores começaram uma busca desesperada por informações. Mina Justice tentava encontrar o filho, Eddie. Ele havia mandado uma mensagem de texto dizendo que tinha corrido para um banheiro, com outros, procurando se esconder do atirador. “Ele está chegando”, continuou. A seguinte dizia: “Está aqui. Nos pegou”. Foi a última mensagem.

Para membros da comunidade LGBT do centro da Flórida e funcionários da Pulse, o clube era mais do que um lugar para dançar, era um lugar para se sentir em família. “Todos que trabalhavam lá eram tratados como irmãos e irmãs”, disse o dançarino Di’Costa. 

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