Socialistas atacam Sarkozy após confrontos em Paris

Distúrbios entre jovens e policiais começaram depois que um imigrante foi agredido por ofender fiscais que faziam uma checagem de rotina em uma estação de trem

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Por Agencia Estado
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A oposição socialista acusou nesta quarta-feira, 28, o candidato conservador à Presidência Nicolas Sarkozy de agravar as tensões entre jovens e policiais depois dos confrontos durante a madrugada em uma estação de trens de Paris. Autoridades locais disseram que as oito horas de confronto na estação Gare du Nord foram provocadas pela prisão de um congolês de 33 anos, um imigrante ilegal no país, que brigou com fiscais que haviam pedido para ver seu bilhete. Jovens que estavam na estação, a qual dá acesso a subúrbios das zonas norte e sul da capital, afirmaram que os policiais foram rudes com o suspeito e quebraram uma mão dele. Centenas de jovens jogaram vasos e garrafas na polícia, aos gritos de "Sarkozy hipócrita". A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão e prendeu 13 pessoas. Os jovens também usaram barras de metal para quebrar janelas e saquear lojas. O conflito deixou oito funcionários do serviço ferroviário e um policial feridos, informaram autoridades locais. Sarkozy, que deixou na segunda-feira o cargo de ministro do Interior para se dedicar à campanha eleitoral, se notabilizou em 2005 pela repressão linha-dura que ordenou contra a onda de distúrbios sociais nos subúrbios de Paris e outras cidades. Os socialistas foram rápidos em acusá-lo pelo clima de hostilidade entre os jovens e os policiais. Crise de Sarkozy Delphine Batho, dirigente socialista responsável por questões de segurança, disse que Sarkozy é o culpado pela dificuldade dos policiais em fazerem as prisões. "Por um lado, há criminosos radicais que querem controlar seus territórios. Segundo, há as consequências dos hábitos e do linguajar provocativos do [ex-]ministro do Interior, o que piorou as tensões", afirmou ela ao jornal Le Parisien. Favorito no primeiro turno de 22 de abril e no segundo turno de 6 de maio, Sarkozy rejeitou as críticas. "Devemos dizer que é culpa da polícia quando alguém começa uma briga ao pedirem seu bilhete? Não sou o ministro do Interior. Não sei em detalhes o que aconteceu. Mas o principal é que não se pode considerar correto alguém que quer passar sem bilhete e que bate num policial", afirmou à rádio France Info. As questões de segurança e imigração dominam esta campanha eleitoral. Sem mencionar diretamente os confrontos, a candidata socialista, Ségolène Royal, disse ao jornal Libération que Sarkozy não conseguiu resolver a crise nos subúrbios pobres de Paris depois dos distúrbios de 2005. "Há uma profunda quebra de confiança entre os jovens destes bairros e ele", disse a candidata. "É difícil encarnar a unidade da nação se algumas partes do território são inacessíveis." Jovens irritados com a pobreza e a discriminação queimaram milhares de carros e novembro de 2005 em bairros de periferia de todo o país, áreas marcadas pela diversidade étnica e onde o desemprego é quatro a cinco vezes superior à média nacional.

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