Socorristas correm contra o tempo para salvar menino de 5 anos preso em poço no Marrocos

Operação para salvar Rayan, que caiu em um poço de 32 metros, atingiu um estágio crítico enquanto marroquinos e outros cidadãos em todo o norte da África acompanhavam aflitos o resgate em transmissões ao vivo

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Por Redação
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CAIRO - Equipes de resgate trabalhando dia e noite estavam correndo contra o relógio nesta sexta-feira, 4, para tentar salvar um menino de 5 anos, ferido e ensanguentado, depois de ficar preso em um poço de 32 metros de profundidade em uma pacata vila marroquina desde terça-feira.

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A operação para salvar o menino chamado Rayan, que caiu no fundo do poço no norte de Marrocos, atingiu um estágio crítico nesta sexta-feira, enquanto marroquinos e outros cidadãos em todo o norte da África acompanhavam aflitos o resgate em transmissões ao vivo.

Rayan está preso no poço perto de sua casa, na pequena vila de Ighrane, a cerca de 200 quilômetros da cidade de Chefchaouen, desde a tarde de terça-feira. As equipes de resgate levaram escavadeiras para cavar um poço paralelo pelo qual poderiam abrir um túnel para alcançar a criança, mas temiam que qualquer parte do poço ou o poço paralelo desabasse antes que pudessem chegar até ela.

Autoridades e socorristas trabalham para tentar salvar o menino Rayan, de 5 anos, preso em poço na Província de Chefchaouen, no Marrocos, em 3 de fevereiro Foto: AFP

A princípio, as equipes de resgate pensaram em entrar diretamente no poço, mas seu estreito diâmetro de 45 centímetros impossibilitou essa estratégia. Mais tarde, pensaram em alargar o buraco, mas descartaram a ideia devido ao risco de deslizamento de terra. Então, começaram a cavar outro poço.

A agência de notícias estatal Maghreb Arabe Presse disse que o processo de perfuração está em seus “estágios finais”. Mas foi temporariamente interrompido por volta do anoitecer de sexta-feira até que os socorristas pudessem ter certeza de que era seguro prosseguir.

De acordo com Le360, uma publicação local, dois socorristas estão cavando manualmente os centímetros finais que os separam de Rayan. Um helicóptero estava no local para transportar Rayan para um hospital em uma das principais cidades assim que ele for retirado.

Enquanto as equipes de resgate lutavam para salvar o menino, multidões de pessoas que observavam o local recitavam orações e gritavam encorajando a equipe de resgate. Alguns espectadores sentaram-se ou dormiram sob as árvores, ansiosos por testemunhar a resolução da crise. A família de Rayan fez cuscuz, o prato tradicional marroquino, e serviu para a multidão. Outros distribuíram pão e tâmaras.

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Residentes acompanham os esforços para retirar o menino Ryan do poço, em vila no Marrocos, em 3 de fevereiro Foto: AP

Aos prantos, a mãe de Rayan contou à imprensa local que "ainda tem esperança de que resgatem o menino com vida". "Rayan estava brincando e então desapareceu. Toda família se mobilizou para procurá-lo até que nos demos conta de que tinha caído no poço", relatou a mulher.

Abdelhadi Temrani, um dos socorristas, disse que o esforço tem sido um processo muito delicado. “Essa etapa é a mais importante e mais complicada”, disse ele. “Você não pode sacrificar uma equipe se houver uma chance de colapso”, acrescentou, explicando que os socorristas não poderiam enviar ninguém para começar a cavar até que tivessem garantido o poço paralelo.

Transmissões ao vivo

Usando corda, equipes de resgate baixaram na quinta-feira um tubo de oxigênio e água para o menino e também enviaram uma câmera para monitorá-lo, de acordo com Maghreb Arabe Presse.

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Vídeos curtos do menino, mal se movendo, foram compartilhados nos quais ele parecia ainda estar respirando.

A mídia local informou que havia cinco tratores e dezenas de socorristas, incluindo uma equipe de topógrafos. Os relatórios disseram que até mesmo uma sociedade local de montanhismo e espeleologia (especialistas em cavernas) se envolveu nos esforços.

Em entrevista ao Le360, o pai de Rayan disse que estava consertando o poço, que é seu, quando seu filho caiu, em um momento de distração. Ele estava brincando quando caiu, segundo reportagens da imprensa local. “Todo mundo está fazendo o seu melhor para que ele saia vivo e que possamos tomá-lo em nossos braços até o final do dia”, disse ele.

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A pequena vila de Ighrane foi invadida por repórteres, muitos deles transmitindo ao vivo.

As cenas de escavadeiras trabalhando sob holofotes enquanto milhares de marroquinos esperavam em suspense fizeram da hashtag árabe #SaveRayan um grito de guerra viral no Twitter. A hashtag estava em alta no Marrocos e na vizinha Argélia, e até na França, onde há uma grande diáspora marroquina.

O acidente lembra uma tragédia similar ocorrida na Espanha, em 2019. Um menino de 2 anos morreu, após cair em um poço abandonado de 24 centímetros de diâmetro e de mais de 100 metros de profundidade na Andaluzia. Depois de 13 dias de uma grande operação de resgate, os restos mortais do menor foram recuperados./NYT e EFE 

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