Uma semana depois do fracasso do diálogo entre os governos do G-7 e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, na cúpula do G-8 em Lough Erne, na Irlanda do Norte, a União Europeia anunciou que reforçará sua ajuda humanitária à Síria, que assim chegará a € 1,25 bilhão.
O anúncio ocorre um dia depois de os Amigos da Síria, grupo formado por EUA, França, Grã-Bretanha e Liga Árabe, terem anunciado em Doha, no Catar, que enviarão "ajuda urgente em material e em equipamentos" que permitam aos rebeldes enfrentar "ataques brutais do regime".
O reforço da ajuda humanitária foi anunciado pelo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, que desbloqueou € 400 milhões para cobrir gastos com ajuda humanitária e econômica no norte da Síria e regiões liberadas do país, bem como nos campos de refugiados na Turquia, na Jordânia e no Líbano. Com isso, o total de recursos disponíveis chegará a € 1,25 bilhão, valor usado para garantir o abastecimento de 1,6 milhão de sírios deslocados pela guerra civil. "Trata-se da pior situação das últimas décadas", advertiu Barroso.
Apesar do consenso em torno da ajuda humanitária, os governos nacionais da União Europeia seguem divididos no que diz respeito à conferência Genebra II, que pode vir a ser realizada em julho, sob a liderança dos EUA e da Rússia. O ponto de desacordo é a participação ou não do Irã nas negociações - a França é contrária. Além disso, a UE continua dividida quanto ao fornecimento de armas aos rebeldes.
Mesmo diante da resistência de governos como o da chanceler Angela Merkel, da Alemanha, França e Grã-Bretanha vêm atuando nos bastidores para armar os rebeldes sírios, agora com o apoio dos EUA. No final de semana, o grupo de países Amigos da Síria, reunido em Doha, no Catar, confirmou que vai reforçar a ajuda militar que será usada pelo Alto Conselho Militar Sírio, ligado ao Exército Sírio Livre (ESL), maior grupo armado de oposição.
Mesmo sem confirmar de forma explícita a decisão de armar os rebeldes, o secretário de Estado americano, John Kerry, reiterou que a resposta militar contra o apoio russo ao ditador Bashar Assad está na ordem do dia. "A Rússia arma a Síria. Por consequência, mesmo se a Rússia pretende aspirar a uma solução política, ele permite a Assad unir esforços com os iranianos e o Hezbollah para conduzir uma guerra mais intensiva contra seu próprio povo", disse Kerry.
Em Paris e Londres, diplomatas alegam que, diante da posição ofensiva da Rússia em favor de Assad, só o reequilíbrio da luta armada no interior da Síria pode fazer com que os rebeldes ainda tenham poder de barganha na conferência de Genebra II, que buscaria uma solução pacífica.