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Soldado libertado pelas Farc é resgatado com ajuda do Brasil

Josué Daniel Calvo estava refém de grupo colombiano havia dois anos

Por Claudia Jardim
Atualização:

Depois de mais de dois anos em cativeiro, o soldado colombiano Josué Daniel Calvo foi libertado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) neste domingo e entregue a uma missão humanitária que contou com apoio do Brasil. A informação foi confirmada pelo movimento Colombianas e Colombianos pela Paz por meio de mensagem eletrônica no site Twitter: "Torna-se realidade a primeira das libertações", escreveram os representantes do grupo. Pouco antes, a Cruz Vermelha Internacional já havia confirmado que a missão humanitária estava no local acordado para o resgate. Com um ferimento na perna, Calvo deve ser levado ao Hospital Militar de Bogotá para receber atendimento. O soldado é o primeiro dos dois reféns que as Farc prometeram libertar entre este domingo e terça-feira. Espera A bordo do helicóptero brasileiro que foi cedido à operação, a missão de resgate foi composta pela senadora colombiana Piedad Córdoba, principal mediadora entre governo e a guerrilha, um representante da Cruz Vermelha Internacional, o bispo Leonardo Gómez Serna, além de dois pilotos brasileiros. Assim como ocorreu em resgates anteriores e, como parte do acordo com os rebeldes, a missão humanitária deve esperar pelo menos uma hora antes de levantar voo para que os rebeldes que participaram na entrega regressem a suas bases antes de que as operações militares do Exército sejam reativadas. Calvo, o refém que menos tempo levava em cativeiro, foi preso em abril de 2009, na zona rural de Vista Hermosa, no departamento de Meta, região central do país. As Farc afirmam que o militar foi abandonado ferido por seus companheiros do Exército durante um enfrentamento com os rebeldes. O governo nega essa versão e diz que Calvo foi capturado pela guerrilha nesta ocasião. Acordo humanitário Horas antes do resgate de Calvo, a senadora Córdoba advertiu que esta será a "última entrega" de reféns que as Farc farão de maneira unilateral e incondicional, como vinha ocorrendo desde o ano passado, quando seis reféns foram colocados em liberdade. O grupo armado busca negociar um acordo humanitário com o governo que prevê a libertação de pelo menos 500 guerrilheiros presos em troca de 22 oficiais - entre soldados e policiais - que fazem parte do chamado grupo de "prisioneiros de guerra" da guerrilha. Na semana passada, Córdoba pediu ao alto comissário para a Paz na Colômbia, Frank Pearl, que desenhasse uma proposta de acordo para ser concretizada antes do fim do mandato do presidente Álvaro Uribe, que termina em agosto. "Não é necessário desmilitarização, apenas uma mediação internacional", afirmou a senadora. Por enquanto, o governo Uribe resiste a negociar com a guerrilha e insiste nos resgates forçados como saída para libertar os demais oficiais presos. Na terça-feira, uma operação de resgate deverá libertar o soldado Pablo Emilio Moncayo, o mais antigo refém das Farc, preso há 12 anos. Se concretizada sua libertação, terá fim um dos mais emblemáticos casos que marca o conflito militar interno na Colômbia. Desde o sequestro do filho, há mais de 12 anos, o professor Gustavo Moncayo, conhecido como "Caminhante pela Paz" passou a realizar caminhadas dentro e fora da Colômbia com uma corrente presa ao corpo para exigir ações que resultassem na libertação do filho e em uma saída negociada para a guerra que dura mais de seis décadas. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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