Durante depoimento nesta terça-feira, Justic Cross, sargento do pelotão, afirmou que as "condições mentais" a que os soldados de Mahmoudiya, no sul de Bagdá, estavam submetidos eram péssimas. Por essas condições, os soldados teriam estuprado e matado a jovem Abeer Qassim al-Janabi, na frente de seus pais e da irmã de cinco anos. A menina iraquiana tinha 14 anos e após ser estuprada foi baleada na frente da família. Os americanos James P. Barker, Paul E. Cortez, Jesse V. Spielman e Bryan L. Howard são acusados pelo crime. Outro soldado, Sargento Anthony W. Yribe, é acusado de não ter denunciado a agressão, mas também é suspeito de ter participação direta no caso. "Isto é enlouquecedor. Você sente que a cada passo pode explodir. Você pensa que ´se eu morrer hoje, morri´, você está andando a caminho da morte". Cross falou aos testemunhos. Os ouvintes sobre o caso vão determinar se os oficiais devem ser julgados pela Corte Marcial. Se acusados, os cinco podem ser condenados à pena de morte. Nesta terça-feira, os advogados dos quatro principais acusados pediram uma nova audição, acusando a defesa de Yribe de ter levantado questões contra os outros soldados. Uma decisão é esperada para o final da tarde desta terça-feira. Um sexto soldado da base, Steven D. Green, foi retirado da base por uma "desordem na personalidade" depois do incidente e foi preso na Carolina do Norte em junho, também acusado de estupro e assassinato. Ele não foi considerado culpado na corte federal e está sendo segurado sem vantagens. Todos eles estavam no mesmo pelotão, a 101ª divisão aérea de Fort Campbell, em Kentucky. Nesta terça-feira, Cross atestou que os soldados sempre bebiam whisky iraquiano e tomavam energéticos para suportar o estresse de não saber se o dia seguinte seria o último de suas vidas. Condições em Mahmoudiya Mahmoudiya, aproximadamente há 30 quilômetros de Bagdá, é uma das áreas mais perigosas do Iraque, onde bombas e tiroteios são lançados por insurgentes quase que diariamente. Cross afirmou que a base era "desesperada" e que ele mesmo sentia que a morte chegaria antes dele poder voltar para casa. "Eu não conseguia dormir por medo de sermos atacados", afirmou. O oficial disse ainda que a perda de dois soldados baleados "esmagou todo o pelotão". Cross afirmou que Barker, que bebeu o whisky iraquiano, era o que mais se alcoolizava e que "todos estavam deprimidos". Outra testemunha, o soldado Justin Watt, atestou nesta segunda-feira que ouviu Green dizendo que "queria matar e machucar muitos iraquianos". Watt também afirmou não acreditar que Green agisse sozinho.